SAUDADES DE CASA...

[Maria La-Salete Francisca de Sá]

"OM MANI PADME HUM"é o mantra que mais uso. Gosto de colocar os fones e ouvir com o som do computador no máximo. Às vezes entoo, outras apenas oiço, deixando-me penetrar e envolver pela música e pelas vozes dos monges que o cantam. Hoje foi um desses dias em que me silenciei, permitindo-me ir até onde o SER me levasse.

A princípio não sabia muito bem como serenar, mesmo com a música alta, a mente vagueava, como se procurasse o ponto ou local ideal para se fixar… E o local apareceu. Onde? Não sei… sei simplesmente que era alto, talvez o cume de uma montanha. Havia um círculo de pedras (como em Stonehenge), com uma outra pedra bem no centro, uma espécie de obelisco, à roda do qual os monges (e eu, mas que não me vi como monge) mantralizavam e dançavam, gerando uma energia de cor dourada que emanava do grupo e irradiava pelo espaço envolvente.

Num dos momentos em que as vozes se calam e fica apenas a música, o cenário alterou-se. Aí estava eu somente. O local era o mesmo, mas não havia pedras, estas foram substituídas por uma neblina de várias cores muito suaves. Estava na orla de uma cratera vulcânica. Nessa altura “soube” que ali era um portal energético, um portal de ligação a outos mundos…. e, ao tomar conhecimento dessa realidade, não controlei a emoção…, chorei… a princípio num choro suave, depois… depois… veio a “saudade de casa”… A minha alma sentiu vontade de voar, de se libertar, de ir ao encontro das suas origens cósmicas… então o choro já não era suave, não era eu que chorava, era a alma, o anjo que também sou, a saber-se ausente do lar, a desejar revisitar o lar…, a família…

Fiz uma ligeira pausa no áudio. Recomecei, mas a saudade não se foi… está cá. Há, contudo, a alegria de saber que não estou sozinha, embora o caminho possa parecer solitário…, ao mesmo tempo que também sei que, sendo una, sou muitos/as…

Pergunto-me agora: Quantos/as haverá que também assim se sintam? Ora “aterradas”, ora a sentir necessidade de evasão, de voar até ao seu lar de origem? E sei que há muitos e muitas…, uns completamente conscientes, outros (como eu), ainda a desbravar caminho, outros… a começar e outros… a dizer que somos uma cambada de loucos, de alienados…

Maria La-Salete Sá