SOB OS AUSPÍCIOS DO SOL

[Luiz Soares da Silva]

Luiz Soares das Terras Nordestinas.

No céu claro, na terra quente, o vento incomoda as narinas da gente. Um redemoinho que se forma, em aspectos específicos, no reino dito dos místicos batizado por Sertão. A natureza é bravia, como um resto, uma coxia, de outras terras, outros recantos, onde a beleza soa no grito de um canto sem pranto.

Escorro o suor do meio dia, assobiando a melodia, eu tento saciar, com o gole da cabaça, passa a sede, mas não passa o jejum jejuar. O sol esquenta a minha cabeça. Vige Maria não esqueça, também de esquentar, com seus beijos minha vida, e o sobejo da comida que sobrou do jantar (Mastruz com Leite).

Estamos e continuaremos a estar sob os auspícios do Sol, que alumia insistentemente as terras nordestinas. Ele brilha majestosamente. Com ele um calor que irradia a energia que faz sucumbir aparentemente uma vegetação a ele adaptada. Num grande período parece até que passou fogo, com a predominância do tom marrom que domina o cenário da cobertura vegetal.

A temperatura se eleva, a umidade descamba, a água escasseia, poeira forma nuvem como cortina e assim nos situamos enfrentando as intempéries a cada pingo do meio dia. Por outro lado, sob outro entendimento, a engenharia hidráulica nos ensina a conter, acumular e valorizar toda a água disponível. Neste cenário a vida tenta nos ensinar que é preciso se associar e nunca lutar contra tal suposta adversidade.

João acabou-se a farinha e o querosene da cozinha, no feijão gorgulho já deu. Vai traz um vestido de chita, que eu quero ficar bonita. Bonita como um Mateus. Tenha paciência minha gente, foi a seca e a enchente e o culpado não sou eu.

De tudo isto, temos consciência. De tudo isto, sabemos que não podemos e nem devemos tentar lutar ou reclamar. De tudo isto, podemos sim olhar para o céu claro, quase sempre descascado a nos mostrar a grandeza irreverente do Sol. A luminosidade torna a vida mais clara, mais objetiva, mais abrangente, mais coerente. A intensidade da luminosidade nos mostra com clareza o quanto podemos ser sem desejar ou querer ter sem poder.

Cada canto com os seus encantos. Cada canto com as suas luxurias e planuras cobertas com jardins adornados por um clima que muda o comportamento e a própria forma de compreender, como o Sol modifica as pessoas, o ambiente, os animais, os vegetais de uma forma bem distinta.

Pois bem, tudo isto, nos últimos anos vem se modificando. Parece que o Sol está cada dia mais perto de nós. Ainda bem que quase sempre estamos curtindo nuvens que nos servem de guarda sol. Não adianta usar qualquer tipo de protetor solar, quando muito usar roupas que nos deixa como verdadeiros beduínos a cavalgar pelas dunas do deserto do Saara.

Nesta odisseia o dia vem cedo e a tarde mais se parece com uma bela aquarela, em seu tom avermelhado. Ai, neste momento começamos a sentir saudade do Sol. Para compensar temos sempre um céu noturno iluminado, como vagalumes distantes piscando e nos convidando a uma retrospectiva da nossa essência. A observação é parte da meditação. Cada astro e cada estrela nos leva como sinalizadores para um lugar bem distante.

Neste momento nos vem uma pergunta: Quem EU SOU? A pergunta pode ter inúmeras respostas dependendo da sabedoria que as estrelas nos inspiram. Quase sempre nos imaginamos cavalgando pelo céu, como vaqueiros desgarrados do materialismo que nos torna reféns de nós próprios. Em outras oportunidades, nos sentimos como sementes estrelares com o destino a cumprir imitando as corredeiras sempre buscando o mar. O mar do universo. O mar da bravura. O mar da coragem. O mar da simplicidade. O mar que abriga a todos, indistintamente. O mar que se forma e se multiplica sob os auspícios do verbo amar.

Ame a si próprio por pior que possa ser o seu julgamento interior. Ame todos estes adornos que o Criador nos proporcionou. Ame a inteligência, a força e a brandura como um furação e uma brisa que a todos acalenta. O Sol é um astro de primeira grandeza; mas, porém, contudo e, todavia, quem o imaginou sabia e sabe o quanto ele nos é importante.

Saudemos a LUZ e a grandeza que o Sol nos deixa transparecer, como sendo o exemplo vivo da nossa grandeza e imortalidade.

Abraços fraternos do nordestino Luiz Soares.  

[Maria das Graças do Carmo]

Lindo! Obrigada! Namastê!