Como é que a Rússia se está a preparar para a Terceira Guerra Mundial
26 de Maio de 2016
Este artigo foi escrito para a
Recentemente publiquei um artigo no qual tentei desacreditar alguns mitos populares sobre a guerra moderna. A julgar pelos múltiplos comentários que recebi em resposta a esta postagem, tenho de dizer que os mitos em questão ainda estão vivos e de saúde e que falhei completamente o meu intuito de convencer muitos leitores. O que me proponho fazer hoje, é observar o que, de facto, a Rússia está a fazer em resposta à ameaça crescente do Ocidente. Mas, em primeiro lugar, tenho de determinar ou mais precisamente, tenho de restabelecer o contexto no qual a Rússia está a agir. Vamos começar por considerar a política Anglo Sinonista em relação à Rússia.
As acções do Ocidente:
Em primeiro lugar, nesta lista, está obviamente a conquista de toda a Europa Oriental pela NATO. Menciono a conquista porque é exactamente o que é, mas uma conquista alcançada de acordo com as regras da guerra do séc. XXI, que defino como sendo uma guerra “80% informática, 15% económica e 5% militar”. Sim, compreendo que as pessoas bem intencionadas da Europa Oriental, sonhavam precisamente ser subjugadas pelos Estados Unidos da América, pela NATO, pela União Europeia, etc. – mas, e daí? Alguém que tenha lido Sun Tzu reconhecerá que este desejo profundo de ser ‘incorporado’ no “Borg”, não é nada mais do que o resultado de uma identidade auto esmagada, um complexo de inferioridade profundamente arreigado e, assim sendo, é uma renúncia que nem sequer teve de ser induzida através de meios militares. Ao fim do dia, não importa o que é que os residentes locais pensam que alcançaram – nesse momento, são súbditos do Império e os países deles são colónias mais ou menos insignificantes, localizadas na orla do Império Anglo Sionista. Como sempre, a elite dos *compradores locais está agora inchada de orgulho ou, pelo menos, eles pensam dessa maneira, por serem aceites como iguais pelos seus novos donos (pensem em Poroshenko, Tusk ou Grybauskaite), o que lhes dá coragem para ladrar a Moscovo, por trás da barreira da NATO. Parabéns! (no sentido de: Que se lixem!) *comprador = o indivíduo dentro de um país, que age como agente de organizações estrangeiras ligadas ao investimento, ao comércio, à economia ou à exploração política.
Em segundo lugar, está, neste momento, a colonização total da Europa Ocidental levada a cabo pelo Império. Enquanto a NATO se dirigia para Leste, os Estados Unidos também conseguiram um controlo muito mais profundo da Europa Ocidental que, presentemente, é administrada pelo Império, pelos indivíduos que o anterior Presidente da Câmara de Londres designou outrora, como sendo notáveis “invertebrados protoplasmáticos, amorfos e indolentes” – burocratas sem rosto, como François Hollande e Angela Merkel.
Em terceiro lugar, o Império deu o seu apoio total a criaturas semi-demoníacas que vão desde al-Khattab até Nadezhda Savchenko. A política do Ocidente é extremamente cristalina e simples: se é uma política anti russa, apoiamo-la. Esta política está muito bem exemplificada pela campanha de demonização de Putin e da Rússia que, em minha opinião, é muito pior e muito mais histérica do que qualquer outra que ocorreu durante a Guerra Fria.
Em quarto lugar, o Ocidente realizou uma série de movimentações militares altamente perturbadoras, incluindo a implantação dos primeiros elementos de um sistema anti míssil na Europa de Leste, o envio de várias formas de Forças Armadas de reacção rápida, o estabelecimento de algumas unidades blindadas, etc. Actualmente a NATO introduziu postos de comando que podem ser usados para apoiar o combate de uma força de reacção rápida.
O que é que tudo isto significa?
Realmente, neste momento não representa muito. Sim, a movimentação da NATO até às fronteiras russas é altamente agressiva, sobretudo em termos políticos. Em termos puramente militares, não só foi uma péssima idéia (veja o cliché # 6 aqui), mas, de facto, o tamanho das forças armadas reais instaladas é minúsculo: o sistema ABM (Míssil Anti Balístico) introduzido recentemente pode, na melhor das hipóteses, ter a esperança de interceptar alguns mísseis (10 a 20, dependendo das vossas premissas) porque as forças convencionais são do tamanho de um batalhão (mais ou menos 600 soldados, além do apoio requerido). Então vejamos que precisamente neste momento, não há categoricamente qualquer verdadeira ameaça militar contra a Rússia.
Então, por que é que os russos estão tão preocupados?
Porque as movimentações actuais dos Estados Unidos e da NATO poderiam muito bem ser apenas os primeiros passos de um esforço muito maior que, com o passar do tempo, pode começar a ser um perigo muito real para a Rússia.
Mais ainda, presentemente o tipo de retórica que chega do Ocidente não é apenas militarista e russofóbico (aversão à Rússia e a tudo o que é russo), muitas vezes é manifestado de imediato com grande fervor . Na última vez em 1000 anos, que o Ocidente teve um surto repentino de "síndroma messiânico", a Rússia perdeu cerca de 20 a 30 milhões de pessoas. Portanto, os russos podem, de facto, ser perdoados se derem muita atenção ao que a propaganda Anglo Sionista diz sobre eles.
Os russos estão muito consternados com a recolonização da Europa Ocidental. Longe vão os dias em que indivíduos como Charles de Gaulle, Helmut Schmidt ou François Mitterrand, estavam encarregados do futuro da Europa. Para além de todas as suas falhas muito palpáveis, pelo menos, estes homens eram verdadeiros patriotas e não somente administradores coloniais a mando dos Estados Unidos. Para os russos é muito mais preocupante a "perda" da Europa Ocidental do que as antigas colónias soviéticas na Europa Oriental estarem agora sob a administração colonial dos Estados Unidos. Por quê?
Considerem este assunto sob o ponto de vista russo.
Todos os russos vêem que o poder norte-americano está em declínio e que, mais cedo ou mais tarde, o dólar vai, lenta ou subitamente, perder o seu papel de reserva principal e de moeda de troca no planeta (este processo já começou). Dito de maneira simples – o Império Anglo Sionista entrará em colapso, a não ser que os EUA encontrem uma maneira de alterar drasticamente a actual dinâmica internacional. Os russos acreditam que o que os americanos estão a fazer, na melhor das hipóteses, é usar as tensões com a Rússia para ressuscitar uma Guerra Fria adormecida versão 2 e, na pior das hipóteses, para começar, de facto, uma verdadeira guerra na Europa, com recurso às armas.
Assim, temos um Império decadente com uma necessidade vital de criar uma grande crise, a Europa Ocidental covarde e incapaz de erguer-se no seu próprio interesse, uma Europa Oriental subserviente e a implorar para se transformar num campo de batalha enorme entre o Oriente e o Ocidente e uma retórica messiânica, russofóbica, levada irracionalmente até ao extremo, como pano de fundo para que haja um aumento de destacamentos militares na fronteira russa. De facto, alguém se surpreende que os russos estejam a levar tudo isto muito a sério, mesmo que, de momento, a ameaça militar americana seja praticamente nula?
A reacção russa
Assim sendo, vamos examinar a reacção russa à posição do Império.
Em primeiro lugar, os russos querem ter a certeza de que os americanos não cedem à ilusão de que uma guerra em larga escala na Europa seria como a Segunda Guerra Mundial, que viu o território dos EUA sofrer apenas alguns ataques do inimigo, minúsculos e quase simbólicos. Posto que uma guerra em larga escala na Europa, iria ameaçar a própria existência da nação e do Estado russo, os russos estão a tomar medidas para ter a certeza de que, se tal acontecesse, os EUA iriam pagar um preço enorme por esse ataque.
Em segundo lugar, é evidente que os russos estão a encarar a hipótese de uma ameaça convencional do Ocidente poder materializar-se num futuro previsível. Portanto, estão a tomar as medidas necessárias para combater essa ameaça convencional.
Em terceiro lugar, uma vez que os EUA parecem estar determinados a implantar um sistema de mísseis anti balísticos não só na Europa, mas também no Extremo Oriente, os russos estão a tomar medidas, tanto para derrotar como para ultrapassar esse sistema.
O esforço russo é vasto e complexo, e abrange quase todos os aspectos do planeamento da força russa, mas penso que há quatro exemplos que ilustram bem a determinação da Rússia para não permitir que volte a acontecer o mesmo que ocorreu no dia 22 de Junho de 1941:
- A reprodução do 1ºExército de Blindados da Guarda (em progresso)
- A implantação do míssil balístico operacional-táctico, de curto alcance, Iskander-M (concluída)
- A introdução do míssil balístico termo-nuclear, intercontinental, Sarmat ICBM (em progresso)
Você precisa ser um membro de Anjo de Luz para adicionar comentários!
Entrar em Anjo de Luz