Amar implica sacrifício

[Márcio Silva]

Certa vez, em uma consulta, uma cliente me perguntou se amar implicaria em sacrificar-se. Confesso que, de imediato, fiquei assombrado com a pergunta, mas me contive e só expressei: implica sacrificar-se, o tempo todo... Então, ela me olhou e, admirada, o assombro foi o dela. Após a consulta, ela se foi, e fiquei interrogativo entre um pensamento e outro. Sabe, estes momentos que a gente conversa consigo mesmo, são os melhores; contêm o substrato fértil da tolerância e dão sempre as melhores respostas. Então, percebi que, de fato, amar implica sacrificar-se!
O primeiro sacrifício que indaguei foi o de Cristo na cruz, esse que todos nós usufruímos. Outro sacrifício onde o puro amor é descomedido está na maternidade, símbolo inefável de luz. Ainda, pode-se destacar a fraternidade sanguínea e a fraternidade das amizades. Noutro aspecto, temos o amor entre duas pessoas, que sacia e cessa a ambígua correspondência do sexo e da alma. Contudo, em todos os casos, há sacrifício e, além de tudo, creio, um sacrifico prazeroso e muito bem vindo. Entretanto, hão de perguntar os ávidos leitores: - o que se sacrifica? Digo-lhes que o sacrifício está no desdobramento, no entendimento do outro e não no ato de sofrer. O que está sacrificado é o EU, em sua pura singularidade e, nesse aspecto, estão abertas as portas para o sentido coletivo onde o NÓS é observado bem de perto. Portanto, amar implica sacrificar-se, mas não sofrer. O parâmetro da dor está condicionado à sensibilidade de cada pessoa. A pessoa que ama e sofre pelos outros, ela sofre por si mesma, pelo seu não entendimento de si, e consequentemente do outro. Nesse sentido, hão de perceber os leitores que, muita gente, usa o amor em nome de suas aberrações e sofrimentos, literalmente.
Mas, o que fazer para amenizar essa situação?
Na contemporaneidade muita gente sacrifica-se e “sofre por amor”... Há muita humilhação entre as esposas que apanham de seus maridos; que sofrem com os maridos alcoolizados; que sofrem com os filhos ou parentes drogados; que sofrem com a criminalidade dentro da família; que sofrem com suas crianças especiais... Enfim, são tantos os modelos distorcidos onde a injustiça emparelha que fica difícil nomear a todas as situações. Mas, contudo, há um ensinamento maior a seguir, o que foi ensinado por Jesus que está no ato de PERDÃO – Esse perdão é a razão de tudo, está na VERDADE e indulgência do SACRIFÍO. Perdoar a si mesmo todos os dias é a questão própria do puro amor. Perdoar a si mesmo é resgatar a fé das pessoas; perdoar a si mesmo é acreditar que, a cada dia, renasce uma pessoa melhor; perdoar a si mesmo é amar a Deus sobre todas as coisas e, enfim, é amar o próximo com todo ENTENDIMENTO!
Muita Luz e Paz para todos vocês, Amados.
Que Deus os abençoe sempre!


Márcio Silva Está escritor, filósofo, mestre de reiki e apometria, palestrante de imagem e relações humanas. Livros: Primícias de Um Abraço; Fêmeas e Povoados; Oráculo da Meia-noite e Zeus, homem e trovão.
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