Meu Poema Cigano - Cigano Kaayarê - Por Gandharananda Shanti

[Gandharananda Shanti]

Dizem que tenho os meus olhos tristes...
Porque será? Tiraram o colorido dos meus olhos,
quando sufocaram os sonhos do meu povo!
Minhas fantasias se misturavam aos eclipses de além mar,
quando à noite, sentado junto à fogueira, me fazia silhueta para sonhar com as estrelas...
E não era o gemido da noite que eu escutava, por que eu ainda não era um poeta triste, mas o canto das criaturas vivas da madrugada que se juntavam às sinfonias do universo...
Sou filho das estrelas, por isso me enamoro delas numa noite de verão,
quando o manto escuro do céu se apresenta enluarado.
Porque tenho meus olhos tristes? Tiraram-me o violino e o violão,
minha amada e seu pandeiro, seu perfume e seu coração!
Fiquei em um ostracismo de dor, de saudade e melancolia...
Deceparam-me as ilusões, que por mais efêmeras, eram minhas alegrias...
Sim, me resumiram na história como filho de um povo vagabundo e sem rumo...
Não desconfiam as almas negras que o mundo é minha casa e a natureza é meu jardim?
Não sabem os néscios que a vida é minha estrada, e a alegria meu horizonte?
Não sabem eles que todas as criaturas são meus irmãos?
Que o riacho tímido que serpenteia por entre as montanhas altaneiras são suspiros que restaram de meus sonhos anoitecidos?
Porque quando vêem uma fogueira acesa, vão logo se sentar...
para aquecer suas almas geladas?
Não sabem eles que a fogueira é o símbolo de um coração cigano que somente arde para amar, sorrir e sonhar?
Por que desprezam eles o meu pranto? Até quando?
Ignoram que eu sou um reflexo da luz do mistério que se esforça para expressar o amor?
Porque esta sombra em meu caminho se sou um filho do sol?
A cascata que verte seu véu e chora sua bruma não chora tão intensamente quanto minha saudade, e, no entanto é minha irmã posto que somo feitos da mesma natureza.
Dizem que tenho os meus olhos tristes...Porque será?
Por que não compreenderam que o meu ar é minha liberdade!
Como posso respirar se não me deixam expressar minha alma cigana?
Triste degredo este, de viver em uma terra que chora seus mortos e preserva seus cadáveres!
Melhor ser alma penada que não sentir a alegria de viver!
O colorido da vida traduz minha canção!
O choro anônimo de um povo que se faz eco pela eternidade jamais apaga minha tradição!
Sou cigano sim senhor!
Sou cigano sim senhora!
Que sabes tu das minhas vertigens? Tua ignorância é meu abismo!
Não sou expressão extemporânea de uma época que se perdeu nos labirintos dos séculos.
Sou a imagem viva dos apelos do amor, quando expressou na pureza de suas viagens o profundo mistério de seus arcanos! – sou filho do universo, sou filho do sol, sou filho das estrelas!
Cavalgo nas pradarias de ilusões loucas sem olhar para trás, por que tenho sede do amor que me apetece a vida!
E se quiser definir meu coração, o que acho impossível...
Que o meu coração seja para ti uma ilha de poesias cercada de amor por todos os lados!
Sim, são tristes os meus olhos...
Por mais livre que eu me sinta, ainda permaneço no arcabouço do teu preconceito.
Não...Não precisa me compreender, nem mesmo eu me compreendo...
A gota do oceano não consegue compreender o mar...
Ambos se fundem...Se sentem...Observam-se...Pois o silêncio é a única resposta desta aproximação coexistente.
Mas experimenta pelo menos uma única vez amar-me como eu te amo, experimenta amar a vida como ela te ama, amar as estrelas, a chuva, o sol, as flores, o vento e as tempestades, e terás compreendido minha razão de ser.

Cigano Kaáyarê

Mensagem inspirada por Gandharananda Shanti

[Mariza Moraes Santana]

QUE MARAVILHA!
AMEI!
DIZEM Q/ AS PESOAS QUE GOSTAM DE POESIAS S/ MAIS SENSSIVEIS, PONTO POSITIVO.
ABRAÇOS.