As Forças Espirituais - A Influência dos Mortos sobre os Vivos
O perfeito entendimento da Lei do Carma e do livre-arbítrio nos ajuda a
eliminar muitos equívocos que existem em torno deste assunto.
Primeiro,
temos que entender que carma é a lei de causa e efeito (ação e reação) e
não tem nenhuma relação com castigo ou punição. É a qualidade da ação
(negativa ou positiva) que determina a qualidade da reação. Assim,
existem carmas (ou efeitos) negativos ou positivos. É muito comum as
pessoas associarem a Lei do Carma a algo, apenas e tão-somente,
negativo.
Ao contrário do que se pensa, o carma não é uma
condição inexorável, um destino, ao qual somos vitimados, mas uma
magnífica ferramenta cósmica ao nosso dispor.
Seja como for, estamos
produzindo (negativa ou positivamente) as circunstâncias em que
vivemos, tanto individual quanto coletivamente. Todavia, podemos
transformar muitas situações em nossas vidas pelo uso consciente da Lei
do Carma. Ou seja, podemos propositadamente pensar, falar e fazer coisas
positivas para que colhamos coisas positivas em nossas vidas.
Além
disto o carma é um instrumento fundamental à tomada de consciência.
Através desta lei eliminamos muitas superstições e somos levados,
consequentemente, ao autoconhecimento. Contudo, esta conscientização da
Lei do Carma exige amadurecimento, pois, inevitavelmente precisamos
assumir todas as responsabilidades sobre os nossos atos.
Com a
perfeita apreensão desta lei tão justa abandonamos antigas crenças a
respeito das coisas que nos acontecem, atribuindo-lhes uma origem
sobrenatural e livrando-nos da verdadeira responsabilidade por nossos
atos e sem nenhuma relação de causa e efeito, tais como: inveja,
mau-olhado, feitiço, encantamento, possessão demoníaca, encosto, etc.
É
evidente que não pode existir transgressão de uma Lei Cósmica, divina,
ficando o ser humano encarnado, sujeito a uma desordem espiritual e
sendo constantemente afetado por ela. Se isto fosse possível, a Lei do
Carma não existiria. Se isto fosse possível, o homem nunca seria o
responsável por seus atos. Se isto fosse possível, o homem seria apenas
uma eterna vítima do destino e de forças que ele não poderia jamais
dominar.
Assim, o livre-arbítrio, que está completamente
associado à Lei do Carma, pois, não pode existir carma sem o exercício
do livre-arbítrio, não existiria.
Tudo isto parece muito evidente.
Então, naturalmente, não é a Lei do Carma ilógica, arbitrária, como
pensam alguns e, justamente por isso não a aceitam, mas as
interpretações equivocadas dela. Se algo não mantém relação de causa e
efeito, então, não podemos determinar a origem e, muito menos,
afirmarmos que se trata de “carma”.
Supersticiosamente há ainda
os que “acreditam” que aquela doença “misteriosa” que os estão
acometendo, que aquela falta de oportunidade no emprego, que, enfim,
todas as desgraças em suas vidas só pode ser de origem oculta,
sobrenatural. Contudo, no enxame mesmo superficial de suas formas de
pensarem, falarem e agirem encontramos a origem para todos os dissabores
em suas vidas.
Ao leigo parece não haver ciência quando
falamo-lhe do estudo e prática da espiritualidade. Isto é um equívoco,
inclusive, de muitos que se dedicam à espiritualidade, imaginar que
ciência (lei e conhecimento) e espiritualidade são coisas distintas,
opostas, antagônicas, contrárias à verdadeira prática da
espiritualidade.
É um fato incontestável que, enquanto
encarnados, influenciamos e somos influenciados constantemente. Todavia,
fica uma pergunta. Somos influenciados também pelos mortos, pelos
desencarnados? A resposta lógica para esta pergunta só pode ser sim. No
entanto, esta influência só pode ocorrer no nível de inspiração. Ou
seja, ela não é determinante, pois, o nosso livre-arbítrio estaria sendo
transgredido. Somos influenciados, mas sempre somos nós mesmos que
decidimos o que, quando e como fazer (pensar, falar ou agir).
Mas, por que podemos afirmar que a resposta lógica para a pergunta se somos influenciados também pelos desencarnados é sim?
Porque
espiritualmente estamos falando de um meio puramente abstrato, onde não
existe barreira de tempo e espaço, onde é plausível a existência deste
fenômeno de comunicação, de interação: a mente.
No plano mental
(espiritual) podemos comungar com vários níveis de consciências e,
então, aí naturalmente não existe limites entre uma consciência
manifesta ou não.
Entretanto, o nosso plano de manifestação não pode
ser constantemente violado, invadido, por consciências (ou
personalidades-almas) desencarnadas com a intenção de nos prejudicar e
afetar, pois, isto implicaria numa ausência completa de leis
espirituais. Numa relação assim, arbitrária, não existiria A Lei do
Carma e, consequentemente, o livre-arbítrio.
O nosso plano de
consciência não pode ser constantemente invadido. As pessoas cometem
crimes, criam situações negativas em suas vidas, perdem amizades,
adoecem em virtude de suas vidas desregradas, etc, não porque isto foi
obra de um acaso ou, pior, de um demônio, de uma entidade maléfica ou de
um trabalho de feitiçaria. Através de pensamentos, palavras e ações
estamos freqüentemente criando as nossas vidas.
Os mortos não
invadem o nosso plano de consciência. O que ocorre é justamente o
oposto. Ou nos abaixamos ou nos elevamos aos planos de consciências
espirituais. Toda crença contrária a isto é apenas uma crença.
Nós
sabemos que a dinâmica, o movimento só ocorre no tempo e no espaço,
assim, o que não está manifesto não se move. Não existe ação no
não-manifesto. Os planos espirituais são estáticos. Nós é que nos
movemos para eles. Portanto, o homem, enquanto ser encarnado, manifesto,
sofrendo as variações de tempo e espaço, é o senhor de seu destino (ou
melhor, de sua vida). O homem é o grande alquimista que, inconsciente ou
conscientemente, vai construindo sua vida, embora, seja verdade que
freqüentemente está recebendo inspiração dos mestres para o seu
progresso evolutivo, transformador.
É verdade também que
enquanto estamos aqui, encarnados e não atingimos ainda a plenitude da
consciência Cósmica, da unidade, não temos compreensão suficiente para
andarmos sozinhos e precisamos ser conduzidos, guiados e inspirados
pelas mentes magníficas que nos orientam. O orgulho que nos dá a ilusão
de independência é fruto apenas de nossa ignorância, de nossa cegueira
em relação àqueles que nos afetam verdadeiramente.
A humildade,
portanto, é a abertura que fazemos para recebermos a luz que estas
mentes nos concebem. Não podemos negar que somos influenciados pelos
mortos e não podemos negar que precisamos da influência benéfica que as
forças espirituais positivas tocam as nossas consciências.
Embora,
precisamos ser bastantes cuidadosos em torno desta questão, podemos
afirmar que não só existem estas influências, como devemos procurá-las
receber.
Hideraldo Montenegro