A Fundação da Hierarquia
Seu Aparecimento no Planeta
Na metade da época Lemuriana, aproximadamente, dezoito milhões de anos atrás, um grande evento ocorreu que levou, entre outras coisas, aos seguintes processos: O Logos Planetário de nosso plano terrestre, um dos Sete Espíritos perante o Trono, encarnou-se fisicamente e, sob a forma de Sanat Kumara, o Ancião dos Dias e o Senhor do Mundo, desceu para este planeta físico denso e tem permanecido conosco desde então. Devido à extrema pureza de Sua Natureza e ao fato de que é (do ponto de vista humano) relativamente sem pecado e, portanto, incapaz de reagir a qualquer coisa do plano físico denso, Ele não pode adotar um corpo físico denso, como o nosso, e tem de atuar no Seu corpo etérico. Ele é o maior de todos os Avatares, ou Seres Que Virão, pois é um reflexo direto daquela grande Entidade que vive, respira e age através de todas as evoluções deste planeta, mantendo tudo dentro de Sua aura, ou esfera magnética de influência. N’Ele nós vivemos e nos movemos, e temos nosso ser, e nenhum de nós pode ultrapassar o raio de Sua Aura. Ele é o Grande Sacrifício Que deixou a glória dos altos lugares e, para o bem da evolução dos filhos dos homens, tomou para Si uma forma física à semelhança do homem. Ele é o Vigilante Silencioso no que concerne à nossa humanidade imediata, embora literalmente, o Próprio Logos Planetário, no plano superior de consciência no qual Ele atua, seja o verdadeiro Vigilante Silencioso no que diz respeito ao esquema planetário. Talvez isto possa ser assim expresso: O Senhor do Mundo, o Iniciador Único, ocupa a mesma posição, em relação ao Logos Planetário, que a ocupada pela manifestação física de um Mestre em relação à Mônada do Mestre, no plano monádico. Em ambos os casos, o estado intermediário de consciência, aquele do Ego ou Eu Superior foi superado; e aquilo que vemos e conhecemos é a manifestação direta, autocriada, do próprio espírito puro. Daí o sacrifício. Deve-se aqui levar em conta que, no caso de Sanat Kumara, há uma tremenda diferença em grau, pois Seu ponto na evolução está tão avançado em relação ao de um Adepto, como o deste em relação ao do homem animal. Isto será tratado mais detalhadamente mais adiante.
Com o Ancião dos Dias veio um grupo de outras Entidades altamente evoluídas, que representam Seu próprio grupo cármico individual e aqueles Seres que manifestam a natureza tríplice do Logos Planetário. Eles encarnam, por assim dizer, as forças emanando dos centros da cabeça, do coração e da garganta. Eles vieram com Sanat Kumara para formar pontos focais de força planetária, para ajudar no grande plano do desabrochar autoconsciente de toda a vida. Seus lugares têm sido gradualmente preenchidos pelos filhos dos homens, à medida que estes se qualificam para isso, embora, até recentemente, isto tenha incluído bem poucos de nossa humanidade terrestre imediata. Aqueles que são agora o grupo interno ao redor do Senhor do Mundo foram primariamente recrutados das fileiras dos que eram iniciados na cadeia lunar (o ciclo de evolução precedente ao nosso), ou que vieram de outros esquemas planetários, em certos fluxos de energia solar, astrologicamente determinados; todavia, aqueles que têm triunfado em nossa própria humanidade estão rapidamente aumentando em número e desempenham as funções subalternas abaixo do grupo esotérico central dos Seis que, com o Senhor do Mundo, formam o coração do esforço hierárquico.
Efeito Imediato
O resultado de Seu advento, milhões de anos atrás, foi estupendo, e seus efeitos estão sendo sentidos ainda. Estes efeitos podem ser assim enumerados: O Logos Planetário, em seu próprio plano, pôde adotar um método mais direto na produção dos resultados que desejava executar em Seu projeto. Como é bem sabido, o esquema planetário, com seu globo denso e os globos internos mais sutis, é, para o Logos Planetário, o que o corpo físico e seus corpos sutis são para o homem. Portanto, como ilustração, pode-se dizer que a encarnação de Sanat Kumara foi análoga ao firme domínio autoconsciente que o Ego do ser humano assume sobre seus veículos, quando o necessário estágio na evolução humana é atingido. Tem sido dito que, na cabeça de cada homem, há sete centros de força, ligados aos outros centros do corpo, através dos quais a força do Ego se difunde e circula, assim executando o plano. Sanat Kumara, com os seis outros Kumaras, mantém posição similar. Estes sete seres centrais são como os sete centros da cabeça, para o corpo físico. Eles são os agentes diretores e os transmissores de energia, força, propósito e vontade do Logos Planetário no Seu próprio plano. Este centro da cabeça planetário atua diretamente através dos centros do coração e da garganta e, por esse meio, controla todos os centros remanescentes. Isto serve apenas como ilustração e como uma tentativa para mostrar a relação da Hierarquia com sua fonte planetária, e também a íntima analogia entre os métodos de funcionamento de um Logos Planetário e o de um homem, o microcosmo.
O terceiro reino da natureza, o reino animal, atingira um grau de evolução relativamente alto e o homem animal possuía a terra; ele era um ser com um corpo físico poderoso, um corpo astral ou corpo de sensação e sentimento, coordenado, e um rudimentar germe de mente que poderia algum dia formar um núcleo do corpo mental. Abandonado a si mesmo por longos eons, o homem animal teria finalmente progredido até passar do reino animal para o humano, e se teria tornado uma entidade racional funcionante, consciente de si própria, mas quão lento o progresso teria sido pode ser evidenciado pelo estudo dos boxímanes da África do Sul, dos Vedas do Ceilão (Sirilanka) e dos cabeludos Ainus, do Japão.
A decisão do Logos Planetário, de adotar um veículo físico, produziu um estímulo extraordinário no processo evolutivo; por Sua encarnação e pelos métodos de distribuição de força que empregou, Ele produziu, num breve ciclo de tempo, o que de outra maneira teria sido inconcebivelmente vagaroso. O germe da mente no homem animal foi estimulado. O homem inferior quádruplo,
a. O corpo físico, na sua capacidade dual, densa e etérica,
b. A vitalidade, força-vida, ou prana,
c. O corpo astral ou emocional,
d. O incipiente germe da mente,
foi coordenado e estimulado e se tornou um receptáculo apropriado para a vinda das entidades autoconscientes, aquelas tríadas espirituais (reflexos da vontade espiritual, da intuição, ou sabedoria, e da mente superior), que, por longas eras, esperaram justamente por tal precisa oportunidade. O quarto reino, ou humano, veio então à existência; e a unidade racional, ou consciente de si própria, o homem, começou sua carreira.
Outro resultado do advento da Hierarquia foi um desenvolvimento semelhante, embora menos reconhecido, em todos os reinos da Natureza. No reino mineral, por exemplo, certos minerais, ou elementos, receberam um estímulo adicional e se tornaram radioativos, e uma misteriosa mudança química ocorreu no reino vegetal. Isto facilitou o processo de comunicação entre os reinos vegetal e animal, da mesma maneira que a radioatividade dos minerais é a ponte de ligação sobre o abismo entre os reinos mineral e vegetal. No devido curso de tempo, cientistas reconhecerão que todos os reinos da Natureza ficam entrelaçados e interpenetrados quando as unidades daquele reino se tornam radioativas.
Nos dias Lemurianos, após a grande descida das Existências espirituais à Terra, o trabalho que Elas planejaram foi sistematizado. As funções foram distribuídas e os processos de evolução, em todos os departamentos da natureza, foram postos sob a direção consciente e sábia desta Fraternidade inicial. Esta Hierarquia de Irmãos da Luz ainda existe e o trabalho prossegue firmemente. Eles estão todos em existência física, em corpos físicos densos, tal como muitos dos Mestres empregam, ou em corpos etéricos, tais como os auxiliares mais excelsos e o Senhor do Mundo ocupam. É importante para os homens lembrarem-se de que Eles estão em existência física e terem em conta que Eles existem neste planeta, conosco, controlando seus destinos, guiando seus negócios e liderando todas as suas evoluções, até uma perfeição final.
A Sede Central desta Hierarquia é em Shamballa, no centro do deserto de Gobi, chamado nos livros antigos, a “Ilha Branca”. Ela existe em matéria etérica, e quando a raça dos homens na Terra tiver desenvolvido a visão etérica, sua localização será reconhecida e sua realidade admitida. O desenvolvimento desta visão está ocorrendo rapidamente, como pode ser inferido pelos jornais e pela literatura corrente, a cada dia, mas a localização de Shamballa será um dos últimos lugares etéricos sagrados a ser revelado, porque existe na matéria do segundo éter. Vários dos Mestres vivem em corpo físico nos Himalaias, num lugar retirado chamado Shigatse, longe dos caminhos dos homens, mas a maior parte está espalhada por todo o mundo, vivendo em lugares diferentes, nas diversas nações, irreconhecidos e desconhecidos, no entanto formando, cada um no Seu próprio lugar, um ponto focal de energia do Senhor do Mundo e tornando-se, em Seu meio ambiente, um distribuidor do amor e sabedoria da Divindade.
A Abertura do Portal da Iniciação
Não é possível referir-se à história da Hierarquia, durante as longas eras de seu trabalho, sem mencionar certos acontecimentos notáveis do passado e assinalar certas eventualidades. Por eras, depois de sua imediata fundação, a obra foi lenta e desencorajadora. Milhares de anos transcorreram e raças de homens apareceram e desapareceram da Terra antes que fosse possível delegar para os filhos dos homens em evolução, o mesmo trabalho feito por iniciados do primeiro grau. Mas, no meio da quarta raça-raiz, a Atlante, um evento ocorreu, que exigiu uma mudança, ou inovação, no método Hierárquico. Alguns de seus membros foram convocados para um trabalho mais elevado em outra parte do sistema solar, e isto trouxe para a Hierarquia, por necessidade, um certo número de indivíduos altamente evoluídos da família humana. Para facilitar a substituição, os membros menores da Hierarquia subiram todos um posto acima, deixando vagos os cargos inferiores. Portanto, três coisas foram decididas na Câmara do Conselho do Senhor do Mundo:
1 – Fechar a porta pela qual os homens-animais passavam para o reino humano, não permitindo, por algum tempo, a mais nenhuma Mônada no plano superior, se apropriar de corpos físicos. Isto restringiu o número do quarto reino, ou humano, ao seu limite de então.
2 – Abrir uma outra porta e permitir aos membros da família humana que estivessem desejando submeter-se à disciplina necessária e fazer o estupendo esforço requerido, entrar no quinto reino, ou espiritual. Desta forma, as fileiras da Hierarquia poderiam ser preenchidas pelos membros da humanidade da Terra que se qualificassem. Esta porta é chamada o Portal da Iniciação e ainda está aberta, nos mesmos termos que foram estabelecidos pelo Senhor do Mundo nos dias de Atlântida. A porta entre os reinos animal e humano será novamente aberta durante o seguinte grande ciclo, ou “ronda” como é chamada em alguns livros, mas como ainda faltam milhões de anos para isso, não é tarefa nossa para o momento.
3 – Foi também decidido definir claramente a linha de demarcação entre as duas forças, da matéria e do espírito; a dualidade inerente em toda manifestação foi enfatizada, tendo como objetivo ensinar aos homens como libertarem-se das limitações do quarto reino, ou humano, e assim passarem para o quinto, ou espiritual. O problema do bem e do mal, da luz e das trevas, do certo e do errado, foi enunciado unicamente em benefício da humanidade e para permitir aos homens romperem os grilhões que aprisionavam o espírito e assim, atingir a liberdade espiritual. Este problema não existe nem nos reinos abaixo do humano nem naqueles que o transcendem. O homem tem de aprender, por meio da experiência e da dor, o fato da dualidade de toda existência. Tendo assim aprendido, ele escolhe aquilo que é relativo ao aspecto espiritual totalmente consciente da divindade e aprende a centralizar-se nesse aspecto. Tendo assim atingido a libertação, ele descobre que tudo é uno, que espírito e matéria são uma unidade, nada existindo exceto aquilo que se encontra na consciência do Logos Planetário e – em círculos mais amplos – dentro da consciência do Logos Solar.
A Hierarquia aproveitou-se, assim, da faculdade discriminativa da mente, que é a qualidade distintiva da humanidade, para que o homem através do equilíbrio dos pares de opostos, alcance seu objetivo e encontre seu caminho de volta à fonte de onde veio.
Esta decisão levou àquela grande luta que caracterizou a civilização atlante e que culminou na destruição chamada dilúvio, referida em todas as Escrituras do mundo. As forças da luz e as das trevas foram postas em ordem de batalha, umas contra as outras, e isto em auxílio da humanidade. A luta persiste ainda, e a Guerra de 1914-1945 foi uma sua recrudescência. Em cada lado, naquela guerra mundial, dois grupos eram encontrados: os que lutavam por um ideal, como eles o viam, até o máximo que conheciam, e aqueles que lutavam por lucros materiais egoístas. Na luta destes influentes idealistas e materialistas, muitos foram os que, arrastados a ela, lutaram cega e ignorantemente, sendo assim engolfados no carma racial e no desastre. Estas três decisões da Hierarquia tiveram e terão um efeito profundo sobre a humanidade, mas o resultado desejado está sendo atingido e uma rápida aceleração do processo evolutivo e um efeito profundamente importante sobre o aspecto mental do homem, já podem ser vistos.
Seria bom assinalar aqui que, trabalhando como membros da Hierarquia, estão numerosos seres, chamados anjos pelos cristãos e devas pelos orientais. Muitos deles passaram pelo estágio humano muitas eras atrás e trabalham agora nas fileiras da grande evolução paralela à humana que se chama evolução dévica. Esta evolução inclui, entre outros agentes, os construtores do planeta objetivo e as forças que produzem, através daqueles agentes construtores, todas as formas, familiares ou não familiares. Os devas que cooperam com o esforço Hierárquico ocupam-se, portanto, com o aspecto forma, ao passo que os outros membros da Hierarquia estão ocupados com o desenvolvimento da consciência dentro da forma.
Transcrito por Ismael de Almeida.