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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SÁBIAS DO MESTRE JESUS DE NAZARÉ!

Nessa tarde de sábado, o Mestre procurou esclarecer o ensinamento sobre o Reino do céu; discutiu a questão sob todos os pontos de vista e tentou tornar claros os sentidos muito diferentes com os quais o termo havia sido empregado.
Nesta narrativa iremos amplificar a sua palestra, acrescentando numerosas
afirmações feitas por Jesus em ocasiões anteriores e incluindo algumas
observações feitas apenas aos apóstolos, durante as conversas vespertinas
naquele mesmo dia. Iremos também expor alguns comentários que tratam de uma
elaboração subseqüente, sobre a idéia de um reino, da forma como se relaciona
posteriormente à igreja cristã.

É preciso deixar claro que, em qualquer ligação a ser estabelecida com a exposição do sermão de Jesus, que, nas escrituras hebraicas, havia um conceito duplo sobre o Reino do céu. Os profetas apresentaram o Reino de Deus como:

1. Uma realidade presente.

2. Uma esperança futura – quando então o Reino se apresentaria realizado na sua plenitude, quando do aparecimento do Messias. Esse é o conceito do Reino como João Batista ensinou.

Desde o princípio, Jesus e os apóstolos ensinaram ambos os conceitos. Havia duas outras idéias sobre o Reino que deveriam ser mantidas sempre em mente:

3. O conceito judeu posterior de um reino mundial e transcendental, de origem sobrenatural e cuja inauguração seria miraculosa.

4. Os ensinamentos persas retratando o estabelecimento de um reino divino, com a realização do triunfo do bem sobre o mal, no final do mundo.

para estabelecer a idade do triunfo dos judeus, a idade eterna do reinado supremo de Deus na Terra, o novo mundo, a era na qual toda a humanidade iria adorar a Yavé. Ao escolher utilizar esse conceito para o Reino do céu, Jesus
elegeu apropriar-se da herança mais vital e culminante, tanto da religião
judaica quanto da persa.

O Reino do céu, como tem sido entendido, e mal entendido, durante os séculos da era cristã, abrange quatro grupos distintos de idéias:

1. O conceito dos judeus.

2. O conceito dos persas.

3. O conceito da experiência pessoal de Jesus – “o Reino do céu dentro de vós”.

4. Os conceitos compostos e confundidos, que os fundadores e promulgadores da cristandade têm buscado inculcar ao mundo.

Em épocas diferentes e em circunstâncias variadas, parece que Jesus apresentou conceitos inúmeros do “Reino” nos seus ensinamentos públicos, mas para os seus apóstolos ele tratou o Reino como abrangendo a experiência pessoal
do homem na relação com os seus semelhantes na Terra e com o Pai nos céus. A
respeito do Reino, a sua última palavra foi: “o Reino está dentro de vós”.

Três fatores têm sido as causas dos séculos de confusão a respeito do significado do termo “Reino do céu”:

1. A confusão ocasionada pela observância da idéia do “Reino”, da forma que foi passada, nas várias fases progressivas, do remanejamento dela, feito por Jesus e pelos seus apóstolos.

2. A confusão que adveio inevitavelmente associada ao transplante do cristianismo primitivo, do solo judeu para o solo gentio.

3. A confusão inerente ao fato de que o cristianismo tornou-se uma religião organizada em torno da idéia central da pessoa de Jesus; o evangelho sobre o Reino converteu-se cada vez mais numa religião sobre Jesus.


2. O CONCEITO DE JESUS SOBRE O REINO

O Mestre deixou bastante claro que o Reino do céu deve ter início com o conceito dual da verdade da paternidade de Deus e do fato correlato da irmandade dos homens; e deve centralizar-se nesses conceitos. Jesus declarou que a
aceitação desse ensinamento libertaria o homem da sua longa escravidão ao medo
animal, ao mesmo tempo que enriqueceria o viver humano com os seguintes dons da
nova vida de liberdade espiritual:

1. A posse de uma nova coragem e de um poder espiritual ampliado. A boa-nova do evangelho sobre o Reino deve liberar o homem e inspirá-lo a ter coragem de ansiar pela vida eterna.

2. Essa boa-nova carrega a mensagem de uma confiança nova e de uma consolação verdadeira para todos os homens, mesmo para os pobres.

3. Em si mesma, é um novo padrão de valores morais, uma nova medida de ética com a qual avaliar a conduta humana. Ela ilustra o ideal resultante de uma nova ordem na sociedade humana.

4. Ela ensina a primazia do espiritual sobre o material; ela glorifica as realidades espirituais e exalta os ideais supra-humanos.



. Esse novo evangelho ressalta a realização espiritual como a verdadeira meta da vida. A vida humana recebendo um novo dom de valor moral e de dignidade divina.

6. Jesus ensinou que as realidades eternas são o resultado (a recompensa) do esforço terreno de retidão. A permanência mortal do homem na Terra adquire um novo significado, em conseqüência do reconhecimento de um destino nobre.

7. O novo evangelho afirma que a salvação humana é a revelação de um propósito divino de longo alcance a ser cumprido e realizado, em destino futuro, no serviço sem fim dos salvados filhos de Deus.

Esses ensinamentos cobrem a idéia ampliada do Reino, como foi ensinado por Jesus. Esse grande conceito não estava incluído nos ensinamentos elementares e confusos de João Batista sobre o Reino.

Os apóstolos viram-se incapazes de compreender o significado real das palavras do Mestre a respeito do Reino. A distorção posterior dos ensinamentos de Jesus, como registrados no Novo Testamento, acontece porque o conceito
daqueles que escreveram os evangelhos encontrava-se matizado pela crença de que
Jesus estaria ausente do mundo, então, apenas por um curto período de tempo; que
ele retornaria logo para estabelecer o Reino em poder e glória – exatamente esta
era a idéia que eles alimentavam enquanto Jesus estava junto deles na carne. Mas
Jesus não ligava o estabelecimento do Reino à idéia do seu retorno a este mundo.
Que se tenham passado os séculos sem nenhum sinal da vinda da “Nova Era”, de
nenhum modo contradiz o ensinamento de Jesus.

O grande esforço que esse sermão representou era uma tentativa de converter o conceito do Reino do céu no ideal que é a idéia de fazer a vontade de Deus. Há muito, o Mestre havia já ensinado os seus seguidores a orar: “Vinde a nós o
Vosso Reino; a Vossa vontade seja feita”; e nessa época ele sinceramente buscava
induzi-los a abandonar o uso do termo Reino de Deus, em favor do
equivalente mais prático, a vontade de Deus. Mas ele não teve êxito.

Jesus desejava substituir uma idéia de reino, com rei e súditos, pelo conceito da família celeste, do Pai celeste e dos filhos libertados de Deus, e empenhados no serviço voluntário e cheio de júbilo ao semelhante, e na adoração
sublime e inteligente de Deus, o Pai.

Até então os apóstolos haviam formado um ponto de vista duplo sobre o Reino; eles consideravam-no como sendo:

1. Uma questão de experiência pessoal, então presente nos corações dos verdadeiros crentes.

2. Uma questão de fenômeno racial ou mundial; pois o Reino seria para o futuro; algo por que se devia aguardar ansiosamente.

Eles consideravam a vinda do Reino, aos corações dos homens, um desenvolvimento gradativo, como o fermento na massa ou como o crescimento da semente de mostarda. E acreditavam que a vinda do Reino no sentido racial ou
mundial seria súbita, tanto quanto espetacular. Jesus nunca se cansou de dizer a
eles que o Reino do céu era a experiência pessoal de realizar as mais altas
qualidades da vivência espiritual; que essas realidades da experiência
espiritual traduzem-se progressivamente em níveis novos e mais elevados de
certeza divina e de grandeza eterna.

Nessa tarde, o Mestre ensinou claramente sobre um novo conceito da dupla natureza do Reino, descrevendo as duas características seguintes:

“Primeira: o Reino de Deus neste mundo, o desejo supremo de fazer a vontade de Deus, o amor não-egoísta pelos homens, que dá os bons frutos de uma conduta mais ética e mais moral.

“Segunda: o Reino de Deus nos céus, a meta dos crentes mortais, o estado em que o amor por Deus é perfeccionado; e no qual a vontade de Deus é feita mais divinamente”.

Jesus ensinou que aquele que acredita pela fé entra imediatamente no Reino. Nos seus vários discursos ensinou que duas coisas são essenciais à entrada no Reino por meio da fé:

1. A fé e a sinceridade. Vir como uma criancinha, receber o dom da filiação como uma dádiva; submeter-se a fazer a vontade de Deus sem questionar e em confiança plena e genuína na sabedoria do Pai; vir ao Reino, livre de
preconceitos e preconcebimentos; estar de mente aberta para aprender, como um
filho não estragado por mimos.

2. A fome da verdade. A sede de retidão, uma mudança na mente para a conquista de um motivo para ser como Deus e encontrar Deus.

Jesus ensinou que o pecado não é produto de uma natureza defeituosa, mas que é antes o fruto de uma mente conhecedora que se deixa dominar por uma vontade indômita. A respeito do pecado, ele ensinou que Deus já os perdoou e,
pelo ato de perdoarmos ao nosso semelhante, tornamos o perdão de Deus disponível
para nos favorecer pessoalmente. Ao perdoar ao vosso irmão na carne, estais
criando uma capacidade na vossa própria alma de entrar na realidade do perdão de
Deus para os vossos próprios erros.

Na época em que o apóstolo João começou a escrever a história da vida e dos ensinamentos de Jesus, os primeiros cristãos haviam tido tantos problemas com a idéia do Reino de Deus, e com as perseguições por ela geradas, que abdicaram
quase por inteiro do uso desse termo. João fala muito sobre a “vida eterna”.
Jesus referia-se, muitas vezes, a um “Reino da vida”. Ele referia-se também com
freqüência ao “Reino de Deus, dentro de vós”. Certa vez ele falou dessa
experiência como “a irmandade na família de Deus, o Pai”. Jesus procurou
substituir reino por muitos termos, mas sempre sem êxito. Entre outros, ele
usou: família de Deus, vontade do Pai, amigos de Deus, comunidade dos crentes,
irmandade dos homens, seio do Pai, crianças de Deus, comunidade dos fiéis,
serviço do Pai e filhos liberados de Deus.

Todavia ele não pôde escapar do uso da idéia de um reino. Só mais de cinqüenta anos mais tarde, depois que os exércitos romanos destruiram Jerusalém, tal conceito de um reino começou a se transformar no culto da vida eterna, à
medida que o seu aspecto social e institucional foi assumido pela igreja cristã,
então, em vias de expansão e cristalização rápidas.


3. EM RELAÇÃO À RETIDÃO

Jesus sempre tentou inculcar nos seus apóstolos e discípulos que eles deviam buscar, pela fé, uma retidão que excedesse em muito a retidão do trabalho servil de que alguns dos escribas e fariseus tanto se vangloriavam perante o mundo.

Embora Jesus ensinasse que a fé, aquela simples credulidade infantil, fosse a chave para a porta do Reino, ele também ensinou que, tendo passado porta adentro, havia os degraus progressivos da retidão, que toda criança crédula
devia galgar para crescer, para alcançar a estatura plena de um robusto filho de
Deus.

que acolhe a vossa fé como o preço da admissão. Para um crente do Reino receber o perdão de Deus, torna-se necessária uma experiência definitiva e real que consiste nos quatro passos seguintes, os passos da retidão interior do
Reino:

1. O perdão de Deus fica de fato ao alcance do homem, que o experimenta pessoalmente tão logo ele perdoe os seus semelhantes.

2. O homem não perdoará verdadeiramente os seus semelhantes a menos que os ame como a si próprio.

3. Amar assim ao próximo, como a ti próprio, nisso está a mais elevada ética.

4. A conduta moral, a verdadeira retidão, torna-se assim o resultado natural desse amor.

Torna-se evidente, portanto, que a verdadeira religião interior do Reino tende a se manifestar, infalível e crescentemente, nas vias práticas do serviço ao próximo. Jesus ensinou uma religião viva que compelia os seus crentes a
empenhar-se em fazer o serviço do amor. Jesus não colocou, entretanto, a ética
no lugar da religião. Ele ensinou a religião como uma causa e a ética como um
resultado.

A retidão em qualquer ato deve ser medida pelo motivação; as mais elevadas formas do bem são, portanto, inconscientes. Jesus nunca mostrava interesse pela moral ou pela ética enquanto tais. Ele estava integralmente interessado por
aquela amizade interior e espiritual com Deus, o Pai, que se manifesta
exteriormente com tanta certeza e tão diretamente quanto um serviço amoroso ao
homem. Ele ensinou que a religião do Reino é uma experiência pessoal genuína que
nenhum homem consegue limitar dentro de si próprio; que a consciência de ser um
membro da família de crentes leva inevitavelmente à prática dos preceitos da
conduta familiar, do serviço aos próprios irmãos e irmãs, em um esforço de
elevar e de expandir a irmandade.

A religião do Reino é pessoal, individual; os frutos, os resultados, são da família, são sociais. Jesus nunca deixou de exaltar o individual como sagrado, em contraste com a comunidade. Mas ele também reconheceu que o homem desenvolve
o seu caráter por meio do serviço não-egoísta; que desdobra a sua natureza moral
por meio da relação do amor aos semelhantes.

Ao ensinar que o Reino é interior, exaltando o individual, Jesus deu o golpe de misericórdia na velha sociedade, inaugurando uma nova dispensação de verdadeira retidão social. O mundo conheceu ainda pouquíssimo dessa nova ordem
de sociedade, porque recusou-se a praticar os princípios dos ensinamentos sobre
o Reino do céu. Quando este Reino, de preponderância espiritual, vier à Terra,
não se manifestará simplesmente na melhora das condições sociais e materiais,
traduzir-se-á mais por meio da glória dos valores espirituais, elevados e
enriquecidos, que são característicos de uma era, a qual se avizinha, de
melhores relações humanas e de realizações espirituais mais avançadas.

4. OS ENSINAMENTOS DE JESUS SOBRE O REINO


Jesus nunca deu uma definição precisa do Reino. Em certo momento ele discorreria sobre uma característica do Reino e, em uma outra hora, ele falaria sobre um aspecto diferente da irmandade do Reino de Deus nos corações dos
homens. No decurso do sermão dessa tarde de sábado, Jesus destacou nada mais do
que cinco fases, ou épocas, do Reino, e que são:


. A irmandade crescente dos crentes, na palavra de Deus; os aspectos sociais da moral mais elevada e da ética viva, resultantes do Reino do espírito de Deus, nos corações dos crentes individuais.

3. A irmandade supramortal dos seres espirituais invisíveis que prevalece na Terra e nos céus, o Reino supra-humano de Deus.

4. A perspectiva de uma realização mais integral da vontade de Deus, o avanço para o alvorecer de uma nova ordem social em conseqüência de um vivenciar espiritual mais aperfeiçoado – a próxima era para o homem.

5. O Reino na sua plenitude, a idade espiritual futura de luz e vida na Terra.

E por isso devemos sempre examinar o ensinamento do Mestre, para nos certificarmos a respeito de qual dessas cinco fases pode estar referindo-se quando faz uso do termo Reino do céu. Por meio desse processo de modificar
gradativamente a vontade do homem e de influenciar desse modo as decisões
humanas, Michael e os seus colaboradores estão também, gradativa mas certamente,
modificando todo o curso da evolução humana, sob vários aspectos, inclusive o
social.

O Mestre, nessa ocasião, colocou ênfase nos cinco pontos seguintes, como representantes cardinais dos aspectos do evangelho do Reino:

1. A predominância do individual.

2. A vontade como fator determinante na experiência humana.

3. A comunhão espiritual com Deus, o Pai.

4. As satisfações supremas do serviço amoroso do homem.

5. A transcendência do espiritual sobre o material na personalidade humana.

Este mundo nunca experimentou seriamente, nem sincera ou honestamente, essas idéias dinâmicas e esses ideais divinos da doutrina de Jesus sobre o Reino do céu. Mas não devíeis ficar desencorajados por causa do progresso aparentemente
lento da idéia do Reino em Urântia. Lembrai-vos de que a ordem da evolução
progressiva está sujeita a mudanças periódicas súbitas e inesperadas, tanto no
mundo material quanto no espiritual. Assim, pois, a auto-outorga de Jesus, como
um Filho encarnado, foi um acontecimento estranho e inesperado na vida
espiritual do mundo. E também não devíeis, ao procurardes pela manifestação do
Reino, durante esta idade atual, cometer o erro fatal de deixar de efetivar o
estabelecimento dele dentro das vossas próprias almas.

Conquanto Jesus haja feito referência a uma fase futura do Reino e tenha sugerido, em inúmeras ocasiões, que esse acontecimento poderia surgir como uma parte de uma crise mundial; e embora ele tenha prometido, de um modo muito
seguro, em várias ocasiões, retornar, em alguma época, a Urântia, deveria ficar
registrado que ele nunca condicionou uma dessas idéias necessariamente à outra.
Ele prometeu uma nova revelação do Reino na Terra, para alguma época futura; e
também prometeu voltar a este mundo pessoalmente em alguma época; mas não disse
que esses dois acontecimentos eram sinônimos. De tudo o que sabemos, essas
promessas podem, ou não, referir-se ao mesmo evento.

as gerações sucessivas de crentes viveram na Terra, alimentando também essa mesma esperança inspiradora, porém decepcionante.

5. AS IDÉIAS POSTERIORES SOBRE O REINO

Havendo resumido os ensinamentos de Jesus sobre o Reino do céu, estamos autorizados a narrar certas idéias que se tornaram vinculadas ao conceito do Reino, e a engajarmo-nos em uma previsão profética do Reino tal como poderia
evoluir em idade que virá.

Durante os primeiros séculos da propaganda cristã, a idéia do Reino do céu foi fortemente influenciada pelas noções do idealismo grego, que se espalhavam rapidamente então, a idéia do natural enquanto sombra do espiritual – do
temporal como a sombra do eterno no tempo.

Mas os grandes passos que marcaram o transplante dos ensinamentos de Jesus, de um solo judeu para um solo gentio, foram dados quando o Messias do Reino tornou-se o Redentor da igreja, uma organização religiosa e social que crescia
por causa das atividades de Paulo e dos seus sucessores, baseada nos
ensinamentos de Jesus, suplementadas pelas idéias de Filo e pelas doutrinas
persas do bem e do mal.

As idéias e os ideais de Jesus, incorporados aos ensinamentos sobre o Reino, o evangelho, quase deixaram de ser realizados, pois os seus seguidores distorciam progressivamente os seus pronunciamentos. O conceito do Reino, do
Mestre, foi notavelmente modificado por duas grandes tendências:

1. Os crentes judeus persistiam em considerá-lo como o Messias. Eles acreditavam que Jesus retornaria de fato, e muito em breve, para estabelecer um reino mundial e mais ou menos material.

2. Os cristãos gentios começaram muito cedo a aceitar as doutrinas de Paulo, que levavam cada vez mais à crença geral de que Jesus era o Redentor dos filhos da igreja, que seria a sucedânea institucional do conceito inicial da
irmandade puramente espiritual no Reino.

A igreja, como uma conseqüência social do Reino, teria sido plenamente natural e até mesmo desejável. O mal da igreja não veio da sua existência, mas antes do fato de haver ela suplantado, quase completamente, o conceito do Reino
trazido por Jesus. A igreja, institucionalizada, de Paulo tornou-se uma
substituta virtual para o Reino do céu proclamado por Jesus.

Não duvideis, contudo: esse mesmo Reino do céu que o Mestre ensinou, como existindo dentro do coração do crente, ainda será proclamado a esta igreja cristã, e a todas as outras religiões, raças e nações na Terra – bem como a
todos os indivíduos.

O Reino, como ensinado por Jesus, o ideal espiritual de retidão do indivíduo e o conceito da divina comunhão do homem com Deus, foi gradualmente engolido pela concepção mística da pessoa de Jesus como um Criador-Redentor e dirigente
espiritual de uma comunidade religiosa socializada. Desse modo uma igreja formal
e institucional tornou-se a substituta para a irmandade do Reino, conduzida
individualmente pelo espírito.

A igreja foi um resultado social inevitável e útil da vida de Jesus e dos seus ensinamentos; a tragédia consistiu no fato de que essa reação social aos ensinamentos do Reino tivesse desalojado e suplantado tão completamente o
conceito espiritual do verdadeiro Reino, como Jesus ensinou-o e viveu-o.


O reino, para os judeus, era a comunidade israelita; para os gentios, tornou-se a igreja cristã. Para Jesus o Reino era o conjunto daqueles indivíduos que haviam professado a sua fé na paternidade de Deus,
proclamando assim a sua dedicação a fazer a vontade de Deus de coração, e, pois,
tornando-se membros da irmandade espiritual dos homens.

O Mestre compreendeu integralmente que alguns resultados sociais apareceriam no mundo em conseqüência da disseminação do evangelho do Reino; contudo, a sua intenção era de que todas essas manifestações sociais desejáveis devessem
aparecer como conseqüências inevitáveis inconscientes, ou frutos naturais, dessa
experiência interior pessoal dos crentes individuais, em uma comunidade
puramente espiritual e na comunhão com o espírito divino que reside em todos
esses crentes e que os anima.

Jesus previu que uma organização social, ou igreja, sucederia ao progresso do Reino espiritual verdadeiro, e por isso é que ele nunca se opôs a que os apóstolos praticassem o rito do batismo de João. Ele ensinou que a alma
verdadeiramente amante da verdade, aquela que tem fome e sede de retidão, e de
Deus, é admitida no Reino espiritual pela fé; ao mesmo tempo os apóstolos
ensinavam que esse crente é admitido dentro da organização social dos discípulos
por intermédio do rito exterior do batismo.

Quando os seguidores mais próximos de Jesus reconheceram que haviam fracassado parcialmente na realização do ideal, de Jesus, do estabelecimento do Reino nos corações dos homens, por meio da orientação e do predomínio exercido
pelo espírito do crente individual, eles trataram de impedir que o seu
ensinamento ficasse totalmente perdido, substituindo o ideal do Mestre, sobre o
Reino, pela criação gradativa de uma organização social visível, a igreja
cristã. E ao concretizaram esse programa de substituição, com a finalidade de
manter uma coerência e prover um reconhecimento do ensinamento do Mestre a
respeito do fato do Reino, levaram adiante a idéia de estabelecer o Reino no
futuro. A igreja, tão logo ficou bem estabelecida, começou a ensinar que na
realidade o Reino iria surgir no apogeu da era cristã, com a segunda vinda de
Cristo.

Desse modo o Reino transformou-se no conceito de uma era, na idéia de uma visitação futura e no ideal da redenção final dos santos do Altíssimo. Os primeiros cristãos (e a maioria dos cristãos posteriores), em geral, perderam de
vista a idéia de Pai-e-filho, incorporada ao ensinamento de Jesus sobre o Reino,
ao substituírem-na pela bem organizada comunidade social da igreja. Em suma, a
igreja transformou-se principalmente em uma fraternidade social que,
efetivamente, deslocou e substituiu o conceito e o ideal de Jesus de uma
irmandade espiritual.

O conceito ideal de Jesus não teve nenhum êxito em impor-se; mas, sobre a fundação que são a vida e os ensinamentos pessoais do Mestre, Paulo fez a construção de uma sociedade que, suplementando-se pelos conceitos gregos e
persas, da vida eterna, e acrescida da doutrina de Filo, sobre o temporal em
contraste com o espiritual, se tornou uma das sociedades humanas mais
progressivas, como jamais existiu em Urântia.

O conceito de Jesus ainda está vivo nas religiões avançadas do mundo. A igreja cristã de Paulo é a sombra socializada e humanizada daquilo que Jesus tinha a intenção de que o Reino do céu fosse – e do que ainda, muito certamente,
será. Paulo e os seus sucessores, em parte, transferiram as questões da vida
eterna do indivíduo para a igreja. Cristo, assim, transformou-se em um dirigente
da igreja, mais do que o irmão mais velho de cada indivíduo crente na família do
Pai no Reino. Paulo e os seus contemporâneos aplicaram todas as implicações
espirituais da palavra de Jesus, a respeito de si próprio e do indivíduo crente,
à igreja como um grupo de crentes; e, ao fazer isso, eles deram um golpe
mortal no conceito elaborado por Jesus, de que o Reino divino estaria no coração
do crente individual.


E assim, durante séculos, a igreja cristã trabalhou sob uma situação bastante embaraçosa; pois ousou trazer a si os poderes misteriosos e os privilégios do Reino; poderes e privilégios estes que podem ser exercidos e experimentados
apenas entre Jesus e os seus irmãos espirituais de crença. E assim torna-se
claro que ser um membro da igreja não significa necessariamente estar em
comunhão com o Reino; este é espiritual, a igreja é principalmente social.

Mais cedo ou mais tarde um outro João Batista, maior ainda, deve aparecer proclamando que “o Reino de Deus está à mão” – querendo com isso referir-se a um retorno ao conceito altamente espiritual de Jesus, o qual proclamou que o Reino
é a vontade do seu Pai no céu, dominante e transcendente, no coração daquele que
crê – e fazendo tudo isso sem referir-se, de nenhum modo, nem à igreja visível
na Terra nem à antecipada segunda vinda do Cristo. É necessário que haja um
renascimento dos ensinamentos verdadeiros de Jesus, uma reafirmação que
desfaça o trabalho dos seus primeiros seguidores, que acabaram criando um
sistema sociofilosófico de crença em torno do fato da permanência de
Michael na Terra. Em pouco tempo o ensinamento dessa história sobre Jesus
quase suplantou a pregação de Jesus sobre o Reino. Assim, uma religião histórica
veio a substituir o ensinamento no qual Jesus tinha combinado as idéias morais e
os ideais espirituais mais elevados do homem com a esperança mais sublime do
homem quanto ao futuro – a vida eterna. E essa é a boa-nova da palavra sobre o
Reino.

O ensinamento de Jesus possuía muitas facetas diferentes; por isso, em uns poucos séculos, os estudantes dos registros desses ensinamentos dividiram-se em tantos cultos e seitas. Essa subdivisão lastimável, dos crentes cristãos,
resulta da incapacidade de distinguir, nos ensinamentos múltiplos do Mestre, a
unidade divina da sua incomparável vida. Algum dia, entretanto, aqueles que
acreditam, verdadeiramente, em Jesus não estarão assim divididos espiritualmente
nas suas atitudes, perante aqueles que não crêem. Podemos sempre ter diferenças
de compreensão intelectual e de interpretação, e até níveis variados de graus de
socialização, mas a falta de fraternidade espiritual não apenas é indesculpável
como é repreensível.

Não vos equivoqueis! Há, nos ensinamentos de Jesus, uma natureza eterna que não permitirá que eles permaneçam infrutíferos para sempre nos corações dos homens que pensam. O Reino, como Jesus o concebeu, fracassou amplamente na
Terra; no momento presente, uma igreja exterior tomou o seu lugar; mas devíeis
compreender que essa igreja é apenas um estágio larvar do Reino espiritual
obstruído; e que tal igreja irá conduzir o Reino ao longo dessa era material e
até uma dispensação mais espiritual, na qual os ensinamentos do Mestre podem
desfrutar de uma oportunidade mais plena para desenvolver-se. Assim a chamada
igreja cristã torna-se a crisálida dentro da qual o conceito do Reino de Jesus
está agora adormecido.


Exibições: 31

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Respostas a este tópico

Desculpem meus queridos minhas postagens são longas, mas sei que valem a pena meditar e ponderar!

NAMASTÊ!
Muito interessante . Pra mim o Reino dos Ceus é ancorar o Santo Ser Cristico para viver em comunhao direta e pura com o criador aqui mesmo na terra. Abraço a todos
Flávia, você expressou o modo prático, esta é a nossa missão como filhos da Luz, é bem menos complicado do que a proposta dogmática que o atual sistema religioso propõe, é através da Intuição sincera e descompromissada com a mistica intelectual humana em interpretar as coisas concernentes à Realidade Espiritual, ser livre do modo Cósmico é um desafio transcendente, vamos falçar mais sobre isso!

NAMASTÊ!

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Co-criando A NOVA TERRA

«Que os Santos Seres, cujos discípulos aspiramos ser, nos mostrem a luz que
buscamos e nos dêem a poderosa ajuda
de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
um AMOR que transcende a toda compreensão e que mora nos corações
daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
Que o AMOR e a bênção dos Santos Seres
se difunda nos mundos.
PAZ e AMOR a todos os Seres»

A lente que olha para um mundo material vê uma realidade, enquanto a lente que olha através do coração vê uma cena totalmente diferente, ainda que elas estejam olhando para o mesmo mundo. A lente que vocês escolherem determinará como experienciarão a sua realidade.

Oração ao Criador

“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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