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Fernando Passos

Professor e pesquisador no Departamento de Cinema-Decine, Instituto de Artes – Unicamp. Criador, roteirista, diretor em diversos filmes; entre eles, A Benfazeja, de J.G.Rosa para cinema, 16mm. 2000; Hoje de Madrugada, de Raduam Nassar; Antes do Trem, O Trem, 1996. fernandopassos@iar.unicamp.br

 

 

 

Na superfície da foto está o frio das mãos nos bolsos, a luz alongada do nascente. Ambos espalham uma madrugada gelada até o distante horizonte. Os matacões, nome que os geólogos dão aos blocos de granito de origem vulcânica, marcam um tempo de antigas litofanias, reverenciando a imutabilidade da pedra. Depois a cerca, o bezerro que olha a oculta fotógrafa e, talvez, uma provável atmosfera de silêncio onde eu olho outras reses fora de quadro.

Inverno na Serra das Cabras, onde fica meu lugar, minha casa e uma parte das raízes de minha vida.

Num outro plano, além das superfícies fixadas pela câmera, está o que nesta foto me atrai. Seu sentido, meu sentido, certamente emanado de tudo o que constitui esse fotograma que poderia ser resumido nestas palavras: o lugar que escolhi para que eu me aproxime com simplicidade de meu inevitável fim. A vida, minha vida. O lugar, um dos lugares possíveis para tentar compreendê-la, quieto. Acho que também tenho esperanças de escapar da dor e chegar ao fim numa doce passagem, para uma realidade desconhecida de natureza espiritual. Foi a maneira que me coube de vencer esse final inexpugnável. É o espiritual que vem a mim dessa foto, sua possibilidade de tornar-se visível aos sentidos por estar em um lugar onde a vida natural ainda está presente. De dia, os pássaros, o sol em seu vai-e-vem de equinócio a solstício, os animais, seus ciclos de acasalamento, os nascimentos de cavalos, cachorros, bezerros e aves, a alegria de todos os filhotes após as chuvas de verão. Na noite, a lua em suas fases e o rodar lento das constelações. Reuniões de corujas cantando em coral e profusão de sapos e grilos saudando a lua cheia. Imagens cujo lirismo é impositivo a qualquer um que não esteja oculto na vida nas metrópoles. Ah, os sons e os cheiros emanam das fotos pela memória do vivido.

Nesta foto o primeiro elemento é a luz. Lambida, horizontal, que vem de uma fonte baixa colocada na altura dos olhos diante do horizonte. Luz-revelação, indício de um reflexo adquirido há centenas de milhares de anos quando vivíamos o incompreensível de forma natural, projetando nele todos os deuses e demônios que cabiam dentro de nós mesmos. Vivíamos a espontaneidade da ofuscante cegueira diante da luz. A possibilidade da futura consciência, das distâncias implantadas pela análise ainda estava oculta, maturando nas sombras do fisiológico, embriões do eu, repousando nos instintos inconscientes diante do mundo.

O sol nascendo, o sol se pondo. Na foto nasce porque a luz é branca, como intuitivamente ainda sabemos ser a luz das madrugadas orvalhadas do inverno, sua transparência.

Além, a força do bloco de granito, mais antigo ainda que os primeiros traços de vida sobre nosso planeta. A pedra, um testemunho de nossa fragilidade no tempo e o horizonte, no espaço. O planeta tem sua presença sugerida pela linha do horizonte.

Por fim me comove a simplicidade do bezerro, seu pertencimento ao milagre da vida, com seu lugar assegurado junto ao berço de qualquer criança a quem, não se sabe por que, ele fornecerá o calor de seu alento. Talvez toda criança seja um deus em renascimento.

É o que me vem dessa fotografia.

PS – A fotógrafa, Monique, minha companheira, indignou-se com o que escrevi. Disse-me que esqueço dela, que não a incluo na foto nem na vida e que me volto à morte. Não vou me defender dessas evidências. Saber que já caminho para o fim não me deprime, ao contrário, gosto de viver, de acordar cedo e ver o nascer do dia e também de todas as coisas que dão alegria ao corpo e à alma. O mistério da morte é o mesmo que o do nascimento, nós sempre o soubemos, não adianta disfarçar. Minha fé vem da arte que no campo ou na metrópole é, para mim, nossa redenção.

 

 

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«Que os Santos Seres, cujos discípulos aspiramos ser, nos mostrem a luz que
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de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
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daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
Que o AMOR e a bênção dos Santos Seres
se difunda nos mundos.
PAZ e AMOR a todos os Seres»

A lente que olha para um mundo material vê uma realidade, enquanto a lente que olha através do coração vê uma cena totalmente diferente, ainda que elas estejam olhando para o mesmo mundo. A lente que vocês escolherem determinará como experienciarão a sua realidade.

Oração ao Criador

“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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