Anjo de Luz

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Então chegou o momento que Olorun determinou que os seus filhos e filhas Orixás iniciassem a saída de sua morada interior e começassem a ocupar sua morada exterior.

A Oxalá coube a primazia, porque ao sair, ele que é o espaço em si mesmo, cria­ria o meio ou o espaço indispensável para que os outros Orixás pudessem se deslocar e dar início à concretização de sua morada exterior com a criação dos mundos que seriam ocupados pelos seres espirituais.


Não foi fácil para nenhum dos Orixás deixar de viver na morada interior, no ín­timo do Divino Criador Olorun.

Para Oxalá foi mais difícil ainda, porque ele, o primogênito, iniciaria a saída. Quan­do se viu diante do portal de saída, virou-se e contemplou mais uma vez o rosto de Olorun que o contemplava com os olhos fixos e sérios, como a dizer-lhe: “Vá em frente, meu filho! Eu sou você por inteiro e você é parte de mim.”

Oxalá olhou cada um dos seus irmãos e irmãs divinos, e dos olhos deles corriam lágrimas.

Ele curvou-se, cruzou o solo divino que ainda pisava, tocou-o com a testa, beijou-o, e dos seus olhos caíram lágrimas que cintilaram ao tocá-lo.

E ali suas lágrimas ficaram incrustadas no solo, como uma marca de sua partida. E, em cima dele muitas outras lágrimas haveriam de ser derramadas pelos outros Orixás, a medida que fossem partindo.

Oxalá levantou e virou-se novamente para o portal. E, já resoluto, avançou por ele com passos firmes mas, a medida que foi saindo, seu corpo explodiu e um clarão ofuscante que se projetou no infinito, clareando em volta da morada exterior do nosso Divino Criador Olorun.

E Oxalá curvou-se após ter dado o primeiro passo e cruzou o espaço à sua frente. Então levantou, já não tão ereto como quando saíra, deu um segundo pas­so e aí se curvou e cruzou o espaço à sua frente pela segunda vez... e quando Oxalá se curvou pela sétima vez e cruzou o es­paço a sua frente, já não conseguiu se levantar senão só um pouco, e ainda assim porque apoiava-se em seu cajado, que é o eixo sustentador do mundo manifestado, denominado paxorô.

Ele voltou-se na direção em que fica­va a sua morada interior e já não a viu, pois o que viu foi o espaço vazio in­fi­nito em sua volta. E ele olhou para toda a sua volta e não viu nada além do espaço vazio.

Então, o peso da sua responsabilidade foi tanto, que ele caiu de joelhos e com a voz embargada emitiu essas frases:


- Pai, por que fez isso comigo se o amo tanto?

- Pai, por que separou-me de você, se me sinto parte do senhor?

- Pai, sem o senhor eu sou o que vejo em minha volta, nada, meu pai amado!

- Por que, meu pai amado?

 

E Oxalá, de joelhos e apoiado em seu cajado, chorou o mais dolorido pranto já ouvido desde então na mo­rada exterior. E todos os outros Orixás, que es­tavam do lado de dentro da morada interior e o viam a apenas sete passos do portal de saída, emo­cio­naram-se tanto com o pranto dele, que também se ajoelharam e chora­ram o mais sentido dos cho­ros, pois tanto choraram a angústia dele quan­to a que sen­tiam, porque tam­bém teriam que deixar a morada interior.

Olorun, vendo todos os Ori­xás ajoelhados e chorando, ordenou:

- Meu filho Ogun, o espaço já existe na minha morada exterior. Agora é sua vez de levar para ela o seu mistério e abrir os caminhos para que seus irmãos e irmãs possam segui-los em segurança o viven­ciarem os destinos que reservei para cada um. Siga sempre em frente, pois já existe um caminho feito por mim e trilhado por Oxalá. E, ainda após você dar o sétimo pas­so só veja o espaço infinito em sua volta e nada mais, no entanto, onde seu pé direito pousar no seu sétimo passo, ali se iniciará o caminho que o conduzirá até onde ele se encontra agora.

 

- Meu amado pai Olorun, eu vejo meu amado irmão bem ali, ajoelhado diante do portal de saída dessa sua morada, meu pai!

- Ogun, assim que você der o primeiro passo depois da soleira desse portal você só verá o vasto e infinito espaço vazio, à sua volta. Não titubeie pois só encontrará o caminho que o levará até Oxalá, caso de sete passos resolutos, meu filho.

- Assim diz o meu pai e meu Divino Criador Olorun, assim farei, meu pai ama­do!

E Ogun despediu-se e cruzou o portal de saída. E quando deu o primeiro passo e olhos à sua direita e à sua esquerda e na­da viu além do espaço ainda vazio, mas infinito em todas as direções, um tremor percorreu-lhe o corpo de cima para baixo. Mas ele continuou a caminhar.

E ao dar o sétimo passo com o seu pé direito, Ogun ajoelhou-se e cruzou o espaço vazio diante dos seus pés. E cruzou o espaço acima da sua cabeça; e cruzou o espaço a sua frente; e cruzou o espaço a suas costas; e cruzou o espaço a sua direita; e cruzou o espaço a sua esquerda... e viu seu irmão Exu, que deu uma gar­ga­lha­da e, à guisa de saudação, falou-lhe:

 

- Ogun, meu irmão! Que bom vê-lo aqui do lado de fora da morada do nosso pai e nosso Divino Cria­dor Olorun! Por que você demorou tanto para sair?

- Exu,é bom revê-lo, meu irmão! O que você faz por aqui?

- O que eu faço por aqui?

- Foi o que lhe perguntei, Exu.

- Eu já ando por aqui há tanto tempo, que eu nem sei a quanto tempo eu ando por aqui, sabe?

- Não sei não. Explique-se, Exu!

- Ogun, lá vem você com seus pedi­dos de explicação de novo!

- Explique-se, está bem?

- Já que você insiste, digo-lhe que é por causa do fator adiantador que gero, sabe?

- Não sei não, Que fator é esse?

- Bom, até onde eu já sei, ele faz com que eu chegue sempre adiantado nos acontecimentos e este é um acon­te­cimento e tanto, não?

- Que é um acontecimento e tanto, disso não tenho dúvidas. Mas, como você chegou aqui, se só Oxalá havia saído?

- Ah, Oxalá passou por aqui mas, como ele estava muito triste e derramando lágrimas, eu achei melhor ir até ele quando ele deixar de derramar lágrimas. Afinal, eu gero o fator hilariador, não o entristecedor, sabe?

- Já estou sabendo... porque Exu ri até sem motivos.

- Ogun, a falta de motivos para se rir é algo hilário, ainda que muitos pensem o contrário. Mas, se irmos atrás dos motivos da falta de risos, aí vemos que é algo tão tolo, que se torna hilário.

- É se Exu está adiantado e diz isso, então você já sabe de algo que logo des­cobrirei, certo?

- Foi o que eu disse, Ogun.

- Então Oxalá não tinha nenhuma ra­zão para sentir-se tão triste e angustiado. É isso, Exu?

- Não mesmo Ogun! Logo logo, isso aqui estará fervilhando, de tantos seres que estão à espera da concretização dos mundos que todos os que ficarem na mo­rada interior desejarão vir para cá. E isto aqui estará tão cheio, que muitos desejarão retornar à ela, sabe?

- Ainda não sei, mas, se você, que chegou aqui antes do espaço existir, e não sei como, está dizendo, então logo saberei.

- E então, para onde você está indo, Ogun meu irmão à minha direita?

- Vou até onde está Oxalá, Exu.

- Posso acompanhá-lo?

- Pode sim, com você ao meu lado esquerdo, creio que não me sentirei tão só, não é mesmo?

- Se é Ogun! Comigo no seu lado esquerdo ninguém nunca se sentirá só.

- Então vamos, Exu. Já vejo o caminho que conduz até Oxalá.

- Você vai seguir os passos dele?

- Vou, Exu.

- Você não quer seguir por uma caminho alternativo que é mais curto?

- Caminho alternativo? Que caminho é esse?

- É um atalho, um desviozinho! Mas leva até ele do mesmo jeito, certo?

- Errado, Exu! Atalhos ou desvio­zinhos podem levar a muitos lugares, mas nunca levarão alguém até Oxalá ou qual­quer outro lugar, pois todos eles levam aos seus domínios, que estão localizados na vazio. Isso sim, é certo!

- Tudo bem que isso é certo. Mas uma passadinha nos meus domínios não faz mal a ninguém, sabe?

- Não sei e não quero saber. Quem quiser que siga seus convites. Vamos?

- Vamos para onde?

- Ao encontro de Oxalá, oras!

- Não, não!

- Por que não?

- Esse caminho que leva a Oxalá é muito reto, é retíssimo mesmo! E Exu só trilha caminhos tortos ou tortuosos, sei lá!

- Até a vista, Exu!

Ogun seguiu o caminho que conduzia até Oxalá. Logo chegou onde ele estava. Após saudá-lo cruzando o solo e o espaço à frente dele, levantou-se e os dois abra­çaram-se.

Então ficaram no aguardo da chegada dos outros Orixás que não demoraram a chegar. E quando passou muito tempo sem mais nenhum outro aparecer, inicia­ram suas funções de poderes criadores na morada exterior do nosso Divino Cria­dor, gerando essas e muitas outras lendas sobre eles, que contaremos em outro livro.

Texto extraído do livro“Lendas da Criação - A saga dos Orixás” de Rubens Saraceni


Léa Cristina Ximenes

FacilitadoraUniversalista

E-mail: ximenes.andrade@gmail.com

Skype: lea.seraphisbey

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Co-criando A NOVA TERRA

«Que os Santos Seres, cujos discípulos aspiramos ser, nos mostrem a luz que
buscamos e nos dêem a poderosa ajuda
de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
um AMOR que transcende a toda compreensão e que mora nos corações
daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
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A lente que olha para um mundo material vê uma realidade, enquanto a lente que olha através do coração vê uma cena totalmente diferente, ainda que elas estejam olhando para o mesmo mundo. A lente que vocês escolherem determinará como experienciarão a sua realidade.

Oração ao Criador

“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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