Página de Cristina

Estrelinha Dourada Cristina Maria Brumatti Bertotto

Naquela noite, o céu estava repleto de estrelas!
Estrelas brilhantes, outras nem tanto; reunidas ou espalhadas, solitárias.
Algumas eram prateadas, outras, douradas.
Um dia, uma tímida estrela dourada desceu à Terra. Aqui, ela se transformou em gente-estrela.
Mas guardou, dentro de si, a lembrança de onde veio. Por isso, todos os dias, quando o último raio de sol se esconde, essa estrelinha exilada do céu fita o firmamento, lembrando das irmãs que lá ficaram.
E conversa com elas, pede-lhes forças, enquanto se encontra no limitado espaço onde se move e age. Recebe delas o amparo, o consolo e o carinho necessários para viver longe do verdadeiro lar.
Um dia, durante seus devaneios, descobre uma estrela que, até então, era-lhe desconhecida.
Esta estrela não fazia parte das mais brilhantes; também não era das mais apagadas.
E começaram a conversar.
A nossa estrela-gente, então, esperava com ansiedade que a noite chegasse, para ver e falar com o novo amigo do céu.
Não se interessava mais pelas antigas companheiras, só por aquela que conquistara seu coração.
E continuaram assim por muito tempo!
Um dia, não viu a estrela tão amada!


Nem no outro, no outro e no outro......
Por mais que procurasse, não a encontrava.
Desistiu, então, de olhar para o céu.
Tornou-se uma gente-estrela triste. E começou a prestar atenção nas gentes que a rodeava.
Percebeu que cada gente era, como ela, uma estrela!
Vindas, como ela, de um mesmo lugar!
E pensou que a sua estrela amada poderia, também, ter se transformado em uma gente-estrela!
E começou a tratar todas as gentes-estrelas de modo especial, porque cada uma poderia ser a estrela amada.
Certo dia, por esses acasos que nenhuma gente entende, a Estrelinha Dourada achou sua estrela especial.
Mas estava longe, tão longe que, por serem gentes, a distância era maior do que quando estava no céu, e não podiam conversar!
E novamente se entristeceu!
Tentou voltar a conversar com as estrelas do céu, mas não conseguiu.
Lembrou, então, das outras gentes-estrelas, que aqui viviam mais tristes do que ela.


Daquelas que se encontravam machucadas, com frio e ainda outras que precisavam de alguém que lhes dessem atenção e afeto.
E começou a se dedicar a essas gentes-estrela. E se esqueceu da sua tristeza.
O tempo passou, passou.....
Um dia, percebeu que havia retornado ao céu. Mas não percebeu que seu brilho dourado fulgurava no céu, se destacando entre tantas outras que também retornaram.
Lá do alto, viu a estrela amada lá embaixo!
E ficou feliz, pois podia vê-la sempre!
Certa noite, ouviu a gente-estrela-amada chamando-a para conversar:
-Linda estrela dourada, pode me ouvir?
E assim, se falavam noite após noite.
O tempo passou, passou......(o tempo sempre passa, ele é inexorável!)
E sua gente-estrela-amada voltou a brilhar no céu!
Agora estavam, lado a lado, felizes por estarem juntos.
Desceram outras vezes à Terra, ora juntos, ora separados.
Retornavam sempre ao firmamento; e quando se encontravam, ficavam especialmente felizes!
Só que suas luzes ficaram tão brilhantes, que foram brilhar em outros céus, de outros planetas, e a viver nesses planetas melhores que a Terra.
E continuaram a brilhar, a resplandecer cada vez mais....e a se juntar à outras estrelas-irmãs do Universo.....