Comentário da Lição 182 de "Um Curso Em Milagres"

[Sandra Regina]

Saudações!
Faço minhas as palavras de Sergio Condé:
Quem já está familiarizado com o Livro, talvez, como eu, encontrou na poética lição 182,
o intenso desejo de voltar para Casa dentro do Filho Pródigo que cada um tem dentro de Si.

Abaixo podemos aprender com Kenneth Wappinik algo mais a respeito desta tocante lição.

LIÇÃO 182 - Eu me aquietarei por um momento e irei para casa.


A Lição 182 é uma companheira à lição anterior, pois ambas compartilham o tema do instante santo. Os contextos, no entanto, são bem diferentes. Nós poderíamos colocar um subtítulo na Lição 181, “Eu me aquietarei por um momento e perdoarei”, porque seu foco está em liberar mágoas. Na Lição 182, o contexto é mais amplo, com Jesus falando sobre despertar do sonho e voltar para casa. Incidentalmente, encontramos ainda outro exemplo do uso liberal que Jesus faz das palavras – o instante santo é visto na Lição 181, como um degrau na jornada, enquanto na Lição 182, ele marca o fim da jornada.
Essa lição adorável tem duas partes, a primeira centrada no mundo que não é nosso lar, e a segunda, mais poética, focalizando- se na Criança interior Que nos leva para casa.

(1:1-2) Esse mundo, em que pareces viver, não é a tua casa. E, em algum lugar da tua mente, tens o conhecimento de que isso é verdadeiro.

Jesus fala da experiência de todos no mundo, quer seja consciente ou não. A meta do Um Curso Em Milagres nunca poderia ser a de que nós fôssemos felizes aqui – uma figura no sonho -, pois seu propósito é nos guiar ao longo do caminho que nos desperta do sonho, acabando por entender que nada aqui tem valor porque não existe nada aqui. Nesses parágrafos iniciais, portanto, Jesus se dirige a nós que acreditamos existir em um corpo, sabendo em algum lugar dentro de nós que não pertencemos a esse local. Nossa ansiedade e terror vêm disso. Nós não sabemos como ou quando vamos voltar, mas reconhecemos pelo menos que o mundo físico não é um lar para nós. O desespero é a conseqüência infeliz de ser reduzido, como vamos ver, a fazer o melhor do que já é uma situação miserável de vida no corpo.

(1:3-6) A memória de casa continua te perseguindo, como se houvesse um lugar que te chamasse de volta, embora não reconheças a voz e nem o que essa voz te lembra. Mesmo assim continuas te sentindo como um estranho aqui, vindo de algum lugar completamente desconhecido. Nada tão definido que possas dizer com certeza que és um exilado aqui. Apenas um sentimento persistente, em alguns momentos pouco mais do que uma diminuta pulsação, em outros vagamente relembrado, ativamente descartado, mas algo que com certeza vai voltar de novo à tua mente.

De tempos em tempos, sentimos um pensamento importunador de que algo está muito errado com nossas vidas, e não tem nada a ver com a pessoa que chamamos de nós mesmos. É um senso de “falsidade” muito maior do que nosso pequeno ser pode conceber; um sentimento de que pegamos o caminho errado e acabamos no mundo. Nós não sabemos onde o equívoco foi cometido, ou o que fazer a esse respeito. No entanto, uma memória de casa continua nos assombrando, como Jesus descreve tão pungentemente para nós nessa passagem familiar de “A canção esquecida”:

Escuta – talvez possas captar um indício de um estado antigo, não totalmente esquecido; vago talvez, mas não completamente estranho, como uma canção cujo nome há muito foi esquecido e as circunstâncias nas quais a ouviste estão completamente apagadas. Nem toda a canção ficou em ti, mas apenas um pequeno trecho da melodia, sem ligação com qualquer pessoa ou local ou com qualquer coisa em particular. Mas te lembras, apenas a partir deste pequeno trecho, como era bela a canção, como era maravilhoso o cenário em que a ouviste e como amavas aqueles que ali estavam e escutaram contigo (T-21.I.6).