DEMIURGO

[Luis Roberto Neves de Araujo]

Eu observo, com clareza crescente, que estamos vivendo um momento crítico na estrutura do cosmos, um ponto de ruptura que reverbera por todos os aspectos da existência. O que antes era sustentado por um tecido universal, social e coletivo está se desintegrando diante de nossos olhos. As estruturas velhas, rasgadas e incapazes de suportar as demandas de uma consciência em expansão estão sendo substituídas por uma nova configuração: uma rede cristalina.

Essa transição, porém, não é apenas um fenômeno externo. Ela ocorre em múltiplos níveis, inclusive em dimensões que estão além da percepção comum. Há entidades, comumente chamadas de demiurgos, que habitam essas realidades paralelas. Por muito tempo, elas foram tidas como deuses, manipulando e moldando o curso da humanidade. Contudo, essas dimensões onde residem estão agora em colapso, desintegrando-se de forma acelerada. Elas não têm para onde ir, e seu desespero é evidente, um reflexo de sua impotência diante da força inevitável da renovação.

O impacto disso no ser humano é imenso e complexo. Estamos conectados, mesmo que inconscientemente, a essas dimensões e à influência que elas exercem. O tecido social que vemos se fragmentar é uma expressão direta dessa ruptura maior. Os sistemas que sustentavam essas forças estão perdendo sua coesão, e o que emerge é uma rede cristalina, uma estrutura mais pura, mais transparente, baseada na verdade e na interconexão.

Essa substituição é ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade. O rompimento do antigo é doloroso. Exige que abandonemos as ilusões confortáveis e enfrentemos a verdade de nossa condição. Mas, ao fazê-lo, nos aproximamos de uma nova forma de ser, onde a consciência humana pode transcender as influências limitantes e reconectar-se ao seu verdadeiro propósito.

A complexidade dessa transformação é imensa. Ela desafia nossa compreensão linear e exige uma nova forma de pensar e sentir. Não se trata apenas de observar passivamente o que acontece, mas de participar ativamente desse processo. É preciso abrir espaço para o novo, permitir que essa rede cristalina se estabeleça, não apenas no cosmos, mas dentro de cada um de nós.

Eu vejo com nitidez que o ponto de ruptura está aqui. Ele se manifesta em todos os níveis: no colapso das instituições, na desconstrução das narrativas que antes governavam nosso entendimento do mundo, e na emergência de uma consciência coletiva mais elevada. Para qualquer um com um mínimo de lucidez, isso é flagrante. Não podemos ignorar. A renovação está em curso, e cabe a nós decidir se seremos parte dessa nova configuração ou se permaneceremos presos às ruínas do passado.