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EDUCAÇÃO DA MULHER Poder, Opressão e Dependência na Construção da Subjetividade Feminina

 

EDUCAÇÃO DA MULHER


Poder, Opressão e Dependência
na Construção da
Subjetividade Feminina


Maria Alice Moreira Bampi 
Rio de Janeiro, 2001.


 


Começo a conhecer-me, não existo. 
sou o intervalo do que desejo ser 
e o que realmente me fizeram 
ou metade deste intervalo 
porque também há vida... sou isto, enfim...
 
  
             Fernando Pessoa



        A sexualidade, como manifestação biopsicossocial do ser humano, sofreu através da história, toda a sorte de controle por interesses diversos. Negada ou incentivada, a Igreja, o Estado e o poder econômico sempre se valeram deste meio profundo do relacionamento humano (onde a afetividade e o prazer formam a base motivacional), para dominar, corromper, atemorizar ou lucrar. 
        Atualmente a exploração comercial da sexualidade feminina, oferece uma idéia superficial, desvinculada do afeto, sustentada em modelos descartáveis, consumistas, estereotipados e preconceituosos, com a imposição da estética e como prerrogativa exclusiva da juventude. 
        Mesmo com uma imagem muito explorada, a sexualidade feminina sempre foi terreno inóspito, com conhecimento centrado geralmente nos aspectos da reprodução humana. Nas escolas bem intencionadas, ainda hoje, palestras esporádicas sobre sexualidade, resumem-se em estudar o corpo reprodutivo e estimular a prevenção à gravidez indesejada. O prazer é assunto negado, ou quando muito, mascarado numa linguagem subliminar de que o corpo feminino é um espaço sem muitos direitos. Com o prazer vinculado a um corpo que engravida, que gera, que culpa e martiriza, as mulheres protegem-se num contrato social definido por leis, que longe de garantir-lhe este almejado prazer, obriga-lhes após tantas expectativas frustradas, à manutenção da relação dependente, neurótica, sadomasoquista. para fugir, da categoria pejorativa criada culturalmente para as mulheres que estariam desprotegidas destas leis. Seriam as "descasadas", "mães solteiras", "largadas do marido", "as que estão em falta". 
        Estes preconceitos acompanham as mulheres pela história; Inventam as categorias e as mulheres vão aos poucos "incluindo-se" nelas, sem contestarem, com submissão e dependência. Nos tempos da Inquisição, criaram a categoria das bruxas e muitas mulheres comportavam-se como tal, porque havia esta categoria. Na época das Cruzadas, no século XIII, segundo Veiga (1997) os cavaleiros iam para o Oriente Médio deixando suas mulheres sozinhas nos castelos, o que representava para eles um sério risco. Voltaram, então, com uma novidade em termos de aprendizado religioso: o culto à Virgem Maria, comum em Bizâncio e ausente até então na Europa. A partir daí, "(...) inventou-se o culto a puríssima dama, a quem deveria dedicar-se um amor, não um simples amor carnal, 'animalesco', mas o amor romântico pela deusa, adorada e casta, tanto mais adorada quanto mais casta. Os trovadores cantavam este amor e os homens que tinham ficado para trás, se convenciam dele. Isto acabou se constituindo num cinto de castidade mais eficaz dos que os de ferro e cadeado, mais folclóricos que realmente usados. Isto também reforçou imensamente nos homens a tendência de pensar as mulheres ou como santas ou como prostitutas..." ( Veiga, 1997: pag.34) 
        Mas, a quem interessa a permanência desta concordância coletiva? Quem se beneficía de tudo isto? Há interesses econômicos na questão? Certamente que sim, e em prejuízo da saúde psíquica de muitas mulheres, divididas em categorias: as que dão lucro, as santas e as outras... Assim, conflituada entre opiniões maniqueístas, onde o bem e o mal se degladiam por um espaço reconhecido, as mulheres geralmente submetem-se às regras do jogo, geridas por poderes seculares diversos. 
        Estes domínios rígidos sobre a sexualidade feminina, incorporaram um padrão comportamental que sobreviveu aos séculos, resistindo até mesmo às tentativas revolucionárias de alguns movimentos ditos feministas. 
        Sabe-se que, mesmo que algumas mulheres busquem hoje o que lhes é de direito, tanto biológico quanto emocional, muitas vezes lhes é negado pelos homens, por desconhecimento sobre a sexualidade feminina, preconceito ou desinteresse pela questão. 
        Onde e quando nascem estes "nós" na subjetividade feminina? Até quando as mulheres permanecerão neste estado de amarras a um gênero tão dependente e inseguro quanto elas próprias? Muitas mulheres ainda permanecem com a idéia impingida de que nunca poderão ficar sozinhas sem estar correndo algum risco. As diversas influências educativas levam-nas a crer que toda a garantia da sua vida, está no outro "para lhe amar e proteger". Assim, na dependência, a salvação. Os vínculos familiares paternalistas reforçam esta condição, criando no inconsciente feminino estruturas rígidas que as levam a desacreditar na sua capacidade de buscar, exigir, criar e conquistar o melhor para si mesmas. 
        Dr. César Nunes(1) afirma que: "Sexualidade é uma marca humana, vivenciada a partir dos desejos e escolhas afetivas, psicossociais e históricas. O sexo na experiência natural e cultural dos homens, transformou-se em sexualidade, isto é, foi capaz de assumir qualidades e significações existentes, sociais, estéticas eróticas, éticas, morais e até espirituais." Salientou também que "a mulher só se libertará quando tiver autonomia intelectual, filosófica, econômica, e ética comportamental." Concluiu com chamados para a importância da mulher colocar a sua marca feminina na construção da sociedade, não de forma "revanchista ou vitimista," mas redimensionando-se e "reconstruindo sua história social e política." 
        No momento, pergunta-se até o que a medicina pode fazer em benefício da saúde sexual feminina. Acenam com a possibilidade do orgasmo químico, pílulas do prazer e intensificação artificial do desejo e toda sorte de tratamentos pró-sexuais. Porém, extrair do psiquismo feminino séculos de opressão cultural, é um processo lento, que implica muitas mudanças, como a revolução dos costumes, a emancipação econômica, emocional, social e política das mulheres. 
        Percebe-se então que não será com pílulas que derrubarão as barreiras psicológicas sulcadas pela repressão, entranhadas no fundo da psique feminina. Por não se verem como seres de direitos, completos, seguros, capazes de desejar, de dizer sim e também dizer não, negam a si próprias o direito à felicidade. Não consideram que são seres capazes de existir por conta própria, de optarem, de definirem suas vidas e serem felizes por amor e sem químicas. 
        Conclui-se assim, que a consciente sexualidade feminina, ao ser atingida, será reflexo do poder e domínio sobre seus caminhos, seus desejos e suas vontades.



(1) Conferência sobre Dialética da Sexualidade e Educação Sexual no Brasil, durante o Congresso de Educação para o Pensar e Educação Sexual, realizado em Florianópolis/SC, Julho/2001

http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/mulher01.htm



Maria Alice Moreira Bampi é Pedagoga, professora universitária, especialista em Psicomotricidade Relacional e Psicologia da Educação e cursa Mestrado em Psicopedagogia. Mas acima de tudo, uma Mulher Brasileira. 
E-Mail: malice@unetvale.com.br

http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/mulher01.htm

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Comentário de ॐFLORAॐRICAॐ LIS®ॐ em 16 setembro 2012 às 0:22

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daqueles que vivem no Eterno. Há um
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“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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