Pachamama: Um sonho chamado vida!

[Henrique Messias]

Aqui estamos! Mais uma vez, diga-se de passagem. Não que esta frase represente um cansaço ou alguma infelicidade ou vontade de não estar aqui. Mas reflitamos: Aqui estamos! Vamos respirar juntos e profundamente e mentalizar de novo: Aqui estamos! Enquanto mentalizo isto, logo me passa um filme... Como se toda a história da humanidade corresse em minhas veias. E corre, nas veias de todos nós. Estamos aqui mais uma vez, e vejamos, podemos escolher a continuação desta frase, como que descobrindo e decidindo de uma vez por todas o porquê de estar aqui. Vamos finalizar esta frase na seqüência do texto. Vamos respirar profundamente mais uma vez. Ah sim, o ar! Como algo tão sutil e poderoso pode passar um dia inteiro despercebido por nós? Às vezes uma vida inteira, sem sequer se lembrar que estamos respirando. O que quero dizer aqui é que no mundo de hoje, se tornou muito difícil apreciarmos as coisas simples. Como se isso não nos contentasse mais, como se só o que é novo pode nos fazer feliz. Cada novo produto lançado, cada nova propaganda induzindo à idéia de que sem isso ou aquilo não seremos nada ou não seremos felizes. Esquecemos de respirar e apreciar a vida, olhar as estrelas, se perder junto ao horizonte no pôr-do-sol, não andamos mais descalços, não dançamos celebrando a vida junto à Mãe-Terra. Há uma mensagem no ar... Como já foi dito certa vez: “Há uma magia natural fluindo no ar”. Pachamama (mãe-terra na linguagem indígena) tem saudade de ver seus filhos celebrando a vida. Pachamama tem saudade de ver seus filhos dançando juntos. Sim, ela me disse isso. E me disse que ainda sonha com todas essas coisas, pois ela é e sempre foi uma sonhadora. E vez dessas, ela me revelou um segredo, que quero compartilhar aqui... Toda noite, ela aguarda que seus filhos repousem, se voltando para o mundo dos sonhos. Ela aguarda a cada filho e filha. É neste momento que ela começa a tocar o seu tambor mágico, tocando uma música que revela aos que escutam, os segredos do grande mistério. Há uma chave para que possamos adentrar nesta “festa” que ela prepara pra nós toda noite, e adivinhe, respirem. Sim, a chave é a respiração. Se nos permitirmos fazer isto, com a mente livre para voar, Pachamama irá nos guiar. A cada nova respiração que fizermos, e quanto mais nos aprofundamos, as batidas do tambor irão ficando cada vez mais ritmadas com as batidas do nosso coração, até que as batidas do coração (tambor) de Pachamama sejam uma só com nosso coração. E neste momento, algo incrível acontece. Nosso corpo já não é somente nosso corpo, ele adquiriu dimensões inimagináveis. Nosso corpo é a própria mãe-terra, vagando no espaço. Nós somos a Terra. A luz do Sol nos aquece e acaricia, e traz a voz de Deus, diretamente do centro. Não há espaço para medo, não há espaço para dor, não há espaço para guerra. Somente um profundo sentimento de força. Uma força tão poderosa e sutil ao mesmo tempo, que nos faz querer dançar, de pés descalços celebrando a vida. Nosso corpo é o corpo de Pachamama, nossos corações batem no mesmo ritmo, nossa respiração é a música.
Este segredo, Mãe-Terra quer te contar “pessoalmente”. Ela te aguarda, assim como tem aguardado durante toda a eternidade da sua história. Sem preocupações, sem expectativas, ela aguarda amorosamente a cada filho e filha, para que um dia esta sonhadora possa realizar o seu sonho, o sonho de que todos possam juntos dançar e tocar o tambor da vida.
Eu me pergunto diariamente, diante da atual situação da humanidade, porque eles se esqueceram de respirar. E certa vez, perguntei isto à Pachamama: Por que eles se esqueceram de respirar? Eis que ela me respondeu: “Sabe meu filho, não há com o que se preocupar. Eu sou uma sonhadora, assim como todos os meus filhos. Aqui, no meu coração é a casa de todos, com seus tambores. E tão longe meus filhos estejam de casa, tão mais especial é o caminho de volta. Por isso eu espero!”.
Voltando ao início do texto, vamos completar a frase. Ou melhor, que cada um complete a sua, mas eu gostaria de dizer o seguinte:
Estamos aqui mais uma vez, para unir nossos corações e juntos cantarmos a canção da vida.

[Saimon Manawa]

Muito bom mano! Parabéns... Luz