Maya é o nome dado por Krishna a um determinado elemento espiritual que se agrega ao pensamento conferindo a este a força de realidade.
“7. Tudo o que acreditas conhecer através dos ouvidos, dos olhos, da consciência, da palavra e tudo o mais, dá-te conta de que é uma ficção do pensamento, simples fantasmagorias, destinadas, portanto a perecer”.
“8. O homem que não vigia seus pensamentos cai no erro de acreditar na multiplicidade das coisas. A crença de pluralidade conduz às egoístas impressões de mérito e demérito. As diferenças que parecem existir nas ações, nas não ações e nas ações ruins só dizem respeito ao homem que pensa no mérito e demérito”. (Bhagavata Puranas – Capítulo I)
Já usei o termo maya para distinguir a ilusão que o ser universal vive quando encarnado. Maya é realmente aquilo que é criado pela mente a partir do que é captado pelos órgãos de sentido do corpo físico. Estas coisas são ilusões ou, como ensina Krishna, miragens. São coisa que são percebidas onde há outras coisas, como já vimos.
Destas coisas já falei, mas nunca abordei o seu poder. O poder de maya ensinado por Krishna é o de transformar em realidade o que é pensado. É o poder que dá ao que é pensado a força de realidade. Como vocês estão submetidos a este poder não conseguem extrapolar o que é pensamento e conhecer a realidade deste.
Continuo com o exemplo do lugar certo das coisas. Este exemplo é importante porque é corriqueiro e considerado pelos seres humanos como não tendo nada a ver com a elevação espiritual. Analisando esta situação à luz da espiritologia estamos vendo que não é bem assim.
O lugar certo para alguma coisa estar, como já vimos, é um pensamento hipócrita que encobre a intenção de defender interesses próprios e com isso conseguir uma vitória. Mas, mesmo que uma pessoa que se diga espiritualista ouça isso, não vai se conscientizar da hipocrisia. Porque isso acontece? Porque o poder de maya não deixa este ser humanizado enxergar que está sendo hipócrita.
O poder de maya, ou seja, o poder que confere uma realidade ao que é pensado não deixa o ser humanizado ver a presença da hipocrisia, pois confere o caráter de real ao que é considerado como certo. Aceita esta realidade, a mente, então, justifica através de milhares de outras idéias o fato de que aquele é o lugar certo para aquela coisa estar. Todas estas justificativas são geradas pelo inescrutável poder de maya.
Eis aí mais uma característica dos pensamentos: eles são criados para justificar outros pensamentos. Assim como a idéia hipócrita serve para esconder o egoísmo que está presente em todos os pensamentos, as idéias geradas pela força de maya agem no sentido de dar realidade àquilo que foi pensado.
Sei que vocês agora vão me perguntar o que é esta força, mas repare que assim como Krishna eu afirmei que ele é inescrutável, ou seja, não pode ser esmiuçada. O ser quando humanizado não tem como saber o que é esta força, como ela funciona, qual a sua forma de agir.
Sendo assim, o que podemos dizer é que não há como o ser humanizado deixar de tê-lo. Não há como agir no sentido de não receber mais pensamentos que justifiquem determinadas idéias. O ser humanizado estará sempre iludido por maya achando que ele tem razão, que possui argumentos que justifiquem determinadas idéias. Então, não há realização no sentido da elevação espiritual se mudar aquilo que é pensado.
Muitos espiritualistas acreditam que existe um padrão de pensar que leva à elevação espiritual, mas isso não é real. Qualquer que seja o conteúdo de um conjunto de conceitos sobre qualquer assunto, ele não é universal, ou seja, não é eterno nem válido para todos. Por isso são apenas pontos de vista, interesses pessoais.
Seguindo com nosso exemplo, quando um espiritualista ouve que não há lugar certo para se colocar as coisas e por isso todos têm o direito de colocá-las onde quiser, a força de maya age nesta informação e cria uma nova realidade, um novo certo: não existe lugar pré-determinado para se colocar os objetos.
Iludido pela força de maya este espiritualista acredita no pensamento que afirma que ele está caminhando no sentido da reforma íntima, mas não há nada sendo reformado. Com a instalação de uma nova informação como verdade, a mente, então, a usará como um interesse individual e com isso nada terá mudado.
Lembro-me, por exemplo, que uma pessoa que nos ouvia, submetida ao poder de maya, acreditou que não existe certo nem errado. Esta crença levou-o a ter pensamentos que julgavam e criticavam aqueles que por ventura falassem em certo ou errado. Até a mim ele chamou a atenção diversas vezes dizendo: não existe certo ou errado.
Submetido ao poder de maya ele achava que o certo é não ter certo ou errado e por isso aceita calmamente a ação da sua mente através dos pensamentos. Um dia quando ele me questionou pela enésima vez respondi: você está certo, não existe certo ou errado; eu estou errado em dizer isso...
Veja a contradição que ele caia: achar que é errado se usar o binômio certo/errado. Por imaginar que estava usando uma verdade, algo real, ele não via a ação hipócrita da mente. Tudo isso para defender o seu interesse (aquilo que acredita) e assim conseguir uma vitória sobre os outros que lhe trazia o prazer e a sensação de ser reconhecido.
Esta é a realidade que todos os seres humanos vivem e não conseguem se dar conta porque estão submetidos ao poder de maya que confere à ilusão a força de realidade.
Espiritualismo Ecumênico Universal
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