Anjo de Luz

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Tambores de Aruanda - Uma Estória de Gandhara.

Preto Velho - Quem Vem De Longe.mp3
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“No vazio das horas mornas deveríeis reeducar vossa mente, sempre inquieta, canalizando vossas energias para a meditação consciente. Pois sempre haverá criaturas necessitadas de vossos melhores pensamentos. O discípulo verdadeiro, quando não está ocupado com o trabalho que edifica, deve manter sempre vigilância sobre a tensão de seus pensamentos.
Ao invés de deixar os pensamentos correrem semelhantes ao corcel selvagem, deveria fixá-lo na potência de suas energias em favor do planeta. Com certeza encontrará endereço certo dentro das necessidades de seus irmãos que sofrem a dor anônima e silenciosa, quer seja em um manicômio, um hospital, um orfanato, um asilo ou uma casa prisional”.

(Premamanandhâchâryâ)


Enquanto me dirigia para o Templo Vozes de Aruanda, recordava as palavras de meu Instrutor Hindu. Entidade amorosa que trabalha na Fraternidade da Cruz e do Triângulo, e que tem dentro da egrégora da Umbanda um trabalho definido na linha do Oriente.
Cheguei muito cedo, como de costume.
Os trabalhadores da casa ultimavam os preparativos para mais uma gira de caridade.
Era dia de Pretos velhos e com certeza uma noite cheia de consulentes em busca de auxílio, consolo e carinho por parte das Entidades daquele templo.
Lembrando as palavras do meu amigo espiritual, quedei-me em silêncio no banco reservado aos consulentes, procurando elevar o pensamento e concentrando minha respiração no centro frontal.
Após alguns segundos ouvi uma canção com timbre de voz infantil.

-“Quando a lua brilha no céu, clareia a Umbanda! Quando a lua brilha no céu, clareia a Umbanda!
Clareia a Ibejada que vem, lá de Aruanda! Clareia a Ibejada que vem, lá de Aruanda!”

Abri meus olhos, pois parecia que começavam os trabalhos.
Surpresa! Todos estavam ainda se dedicando aos preparativos da noite e eu me encontrava só na assistência.
Aspirei o aroma agradável da defumação e voltei a me concentrar.
Passados alguns instantes, novamente aquelas vozes pueris penetravam em meus ouvidos, com a mesma cantiga.
Fui projetado para fora do corpo físico, em estado de desdobramento, e percebi junto à mim duas crianças negras, formosas, de rostinhos redondos e olhos grandes, que me puxavam pela mão dizendo:
- Venha sinhozinho! Venha, senão nhô Quim ralha com a gente! Vem sinhozinho...
Entendi que se tratavam de duas Entidades da falange dos Ibejis, e com certeza me chamavam de “Senhor” (sinhozinho) em diminutivo, na linguagem deles.
Nhô Quim era a corruptela de Senhor Joaquim, como era costume alguns Ibejis chamarem Pai Joaquim, Preto Velho falangeiro.

Ganhamos o espaço estrelado com a visão da lua cheia, que imprimia em meus olhos uma emoção estranha. Como era linda a noite!
Passado algum tempo que não pude precisar, começamos a descer sobre uma clareira circular na mata. Havia muitos morros na volta, e circundando a clareira sob céu aberto, onde podia se divisar a lua e as estrelas, quatro formosas cachoeiras cantarolavam suas águas límpidas, adornando aquele sítio sagrado.
Como era pródiga a natureza!
O cenário parecia um anfiteatro forjado pelas mãos dos Devas.
Dezenas de crianças postavam-se respeitosas no lado sul da clareira, vestidas de branco com detalhes em amarelo dourado, segurando nas mãozinhas ramalhetes de flores odoríficas.
No centro da clareira havia uma espécie de estrado (se posso chamar assim) de mármore branco, com três degraus.
Estava vazio.
Entidades anciãs ali se encontravam conversando baixinho, como em solilóquio, impossibilitando a quem quer que fosse de ouvir o móvel da reunião.

Todas vestidas igualmente de branco, com detalhes da cor do amarelo ouro.
Foi quando Pai Joaquim se aproximou de mim, com seu sorriso aberto, franco, e sua voz algo grave, logo dizendo:
- Saravá mi zifio! Nego veio fica satisfeito que tenhas vindo! Já era hora do filho aparecer por estas bandas, mergulhado que andas nas coisas da terra!

-Saravá Pai Velho! Sua benção!

-Nosso Senhor Jesus Cristo já te abençoou menino!
Mas receba minha benção que te dou de todo coração!
Pai Joaquim (Nhô Quim) olhou-me divertido, como se adivinhasse o que me vinha na mente.
Uma enxurrada de perguntas desfilou no meu pensamento, mas a língua se enrolou...não saia nada.
Pai Joaquim percebendo meu marasmo, venho em meu socorro.
-Êta menino arredado! Só faz perguntar e perguntar! Tem que aprender observando menino!
É pela observação e pelo silêncio que o monge se faz Mestre.

- Então não estou na terra? – respondi meio sem graça.

- Claro que não menino! – Respondeu-me Pai Joaquim, com seu jeito divertido.
- Aqui é uma parte da Aruanda, filho do vento! (Pai Joaquim para se divertir, me chama por este apelido, pois diz que vivo com a cabeça na lua) Este sítio sagrado deverá receber daqui a pouco a visita de um de nossos ilustres irmãos que presidem a Coroa Sagrada de Aruanda.
Aproxima-se a Paixão de Cristo, Nosso querido Oxalá, e como hoje na terra a maioria dos terreiros realizarão giras de pretos velhos, decidimos reunir este conclave da linha das almas, a fim de fortalecer os Guias, os Protetores, os trabalhadores da retaguarda, que do invisível projetam poderosas correntes de força aos seus comandados no orbe, para que estes, por sua vez, transfiram estas poderosas energias ás suas falanges, e assim consecutivamente, até chegar aos que estão no vaso carnal.
Isso é caridade meu filho. É amor, é harmonia, é corrente de comunhão de pensamentos!
Enquanto na terra as criaturas ainda se dividem, criando facções mesmo dentro de uma mesma ordem que se diz espiritual, nós aqui na Aruanda nos “somamos” e multiplicamos esforços no sentido de auxiliar as criaturas tão necessitadas de esclarecimentos.
Com o olhar sereno, porém penetrante, Pai Joaquim continuou:
- Veja aqueles irmãos postados em círculo! – Apontou com o indicador o centro da clareira.
- São dignos obreiros da luz, espíritos humildes que já não necessitam permanecer aqui no astral, mas que decidiram permanecer junto à crosta para auxiliar os que ainda adiam ao chamado de Nosso Senhor!
São espíritos luzeiros que já poderiam estar em outros estágios de adiantamento, nos diversos orbes que são verdadeiras universidades cósmicas, aprendendo e assimilando outras lições imprescindíveis a evolução dos filhos de Deus dentro do conhecimento superior.
Porém em seu desprendido amor pelo próximo, aceitaram o convite de Nosso Amado Oxalá, para fortalecerem a Sagrada Corrente Astral de Umbanda nesta hora que passa. Hora de terríveis e grandes acontecimentos para o mundo, e que irá modificar, tanto a geografia do planeta, quanto a vida social dos homens.
- Ali estão Pai Tibúrcio, Vovó Maria Redonda, Vovó Cabinda, Mãe Anastácia, Pai Tomás, Pai João do Congo, Vovó Benta, e tantos outros que preferem o anonimato, o silêncio e a humildade como selo legítimo de suas mãos carinhosas.
- Em breve meu filho, estará conosco Pai Benedito de Aruanda, que fará uma prelecção aos presentes, trazendo confortadora mensagem de paz e de energia aos que, trabalhando infatigavelmente a favor do bem, necessitam de vez em quando recarregar suas baterias pela voz potente e alentadora destas Entidades que já conquistaram degrau acima de nós.
- Aproxima-se a Páscoa, a paixão de Nosso Senhor! Queremos aproveitar a lua cheia de Abril, que é festejada no Himalaya como a Lua da Páscoa pela Grande Fraternidade Branca, para unir nossos pensamentos e corações em favor do mundo, formando uma só corrente.
Estamos inspirando nossos trabalhadores na terra a recordar as promessas de Nosso senhor Jesus, as Suas Bem Aventuranças do Sermão da Montanha, e o significado da Paixão de Cristo.
É por causa deste projeto que hoje nos reunimos aqui a fim de receber através de Pai Benedito as bênçãos que Jesus nos envia do Seu Sagrado Coração.
Mais uma vez olhei aquela assembléia de almas valorosas conversando baixinho, e soliloquiei para mim mesmo: Que vontade de me arrojar aos pés dos Pretos Velhos, beijá-los, e agradecer por tudo o que eles realizam em favor do mundo!
Lacrimejaram-me os olhos, e, mesmo embaçados, pude observar que Pai Joaquim se afastava em direção do estrado, indo ter com aquela corrente astral de Vovôs e Vovós da Umbanda.
O som ininterrupto das cachoeiras se misturavam ás vozes infantis, que agora cantavam:

-“Nesta mata tem folha, tem rosário de Nossa Senhora...Nesta mata tem folha, tem rosário de Nossa Senhora! Arueira de Pai Benedito, Pai Benedito que nos valha nesta hora! Arueira de Pai Benedito, Pai Benedito que nos valha nesta hora!

Era lindo de se ver e ouvir.
Notei que ao começar a musica, todos os presentes se aproximaram de forma circular próximo ao estrado, quando uma suave luz, diáfana e azulada, revelou-se diante de todos.
Aquela luz foi se delineando, até tomar a forma de um homem.
Os Ibejis continuaram cantando, agora em tom mais baixo, porém sem destoar da melodia...

-“Nesta mata tem folha, tem rosário de Nossa Senhora!...

A Entidade que ali se apresentou diante de todos possuía um sorriso poderoso e magnético.
Um olhar difícil de esquecer.
Era um homem alto, de compleição atlética e ombros largos.
O cabelo tipo carapinha era branco como a neve, formando harmonia com a barba rala e também branca.
O rosto era pronunciado e forte, o semblante ora suave, ora enérgico, mas que deixava transparecer serenidade e ternura.
Era de tez morena e muito alto.

- A paz seja convosco, meus filhos! – disse ele de maneira melodiosa e sonora.

- Conosco esteja a paz do Divino Salvador! – responderam os presentes.
Aproxima-se novamente do mundo a recordação das dores da Paixão de Nosso Amado senhor!
Desce sobre a humanidade que geme e chora a voz suave e inconfundível de Cristo, que jamais esquece do mundo. Nosso Senhor novamente renova seus votos de amizade, de profundo amor e carinho pela humanidade, e envia novamente ao mundo seus Anjos na figura dos trabalhadores de Sua vinha, para sacudir e alentar os que se perdem na noite escura da ignorância e da incompreensão.
Recordemos filhos meus, com toda atenção de nossas almas, as Bem Aventuranças do Sermão de Nosso Senhor, proferida dias antes do triste episódio do calvário:
Pai Benedito mirou a luz argêntea da lua, e sua potente voz ecoou lá na mata da Jurema, magnetizando todos com seu poder de oratória.

«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição, por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por Minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa nos Céus; porque também assim perseguiram os profetas que vos precederam.
Vós sois o sal da terra! Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo: Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do velador, e assim alumia a todos os que estão em casa. Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus.
Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas: Não vim revogá-la, mas completá-la. Porque, em verdade, vos digo: Até que passem o Céu e a Terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra.
Portanto, se alguém violar um destes mais pequenos preceitos, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar, será grande no reino dos Céus. Porque Eu vos digo: Se a vossa virtude não superara dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus.
Ouvistes que foi dito aos antigos: "Não matarás; aquele que matar está sujeito a ser condenado". Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe disser «raca» será réu diante do Sinédrio. E quem lhe chamar «louco» será réu da Geena do fogo.
Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois; volta para apresentar a tua oferta. Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.
Ouvistes que foi dito: "Não cometerás adultério". Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração. Portanto, se o teu olho for para ti origem de pecado, arranca-o e lança-o fora, pois é melhor perder-se um dos teus membros do que todo o corpo ser atirado à Geena. E se a tua mão direita for para ti origem de pecado, corta-a e deita-a fora, porque é melhor perder-se um só dos membros do que todo o teu corpo ser lançado à Geena.
Também foi dito: "Aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de repúdio". Eu, porém, digo-vos: Aquele que repudiar sua mulher excepto em caso de adultério expõem-na a adultério, e quem casar com a repudiada comete adultério.
Do mesmo modo, ouvistes que foi dito aos antigos: "Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor". Eu, no entanto, digo-vos: Não jureis de maneira nenhuma: Nem pelo Céu, que é o trono de Deus, nem pela Terra, que é o escabelo dos Seus pés, nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei.
Não jures pela tua cabeça, porque não te é dado transformar um só dos teus cabelos em branco ou preto. Seja este o vosso modo de falar: Sim, sim; não, não; tudo o que for além disto procede do espírito do mal.
Ouviste que foi dito: "Olho por olho, e dente por dente". Eu digo-vos: Não oponhais resistência ao mau; se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. E se alguém quiser pleitear contigo para te tirar a túnica dá-lhe também a capa. Se alguém te obrigara acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pede, e não voltes as costas a quem te pedir emprestado».
Ouvistes que foi dito: "Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo". Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não o fazem já os publicanos? E, se saudais somente os vossos irmãos que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Sede, pois, perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste.
Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles. De contrário, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus.
Quando, pois, deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, premiar-te-á. Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar, de pé, nas sinagogas, e nos cantos das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Tu, quando orares, entre no teu quarto, e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós Lho pedirdes.
Rezai, pois, assim: "Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino; faça-se a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal".
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas. E, quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas que desfiguram o rosto para que os outros vejam que jejuam. Em verdade vos digo que esses já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas de teu Pai que está presente no oculto; e teu Pai, que vê no oculto, recompensar-te-á.
Não acumuleis tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem os corroem nem os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também, o teu coração. A lâmpada do corpo é o olho; se o teu olho estiver são, todo o teu corpo andará iluminado, Se, porém, o teu olho for mau, todo o teu corpo andará em trevas. Portanto, se a luz que há em ti são trevas quão grandes serão essas trevas!
Ninguém pode servira dois senhores, porque, ou há-de odiar um e amar o outro ouse dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ás riquezas.
Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto á vossa vida, com o que haveis de comer ou de beber, nem quanto ao .vosso corpo com o que haveis de vestir. Porventura não é o corpo mais do que o vestido e a vida mais do que o alimento? Olhai para as aves do céu: Não semeiam, nem ceifam, nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas? Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?
Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo! Não trabalham nem fiam. Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos preocupeis, dizendo:
"Que comeremos nós, que beberemos, ou que vestiremos?". Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai Celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Seu reino e a Sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Não vos inquieteis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Bem basta a cada dia o seu trabalho.
Não julgueis para não serdes julgados, pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos. Porque reparas no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Como ousas dizer ao teu irmão: "Deixa-me tirar o argueiro do teu olho", tendo tu uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás para tirar o argueiro do olho do teu irmão. Não deis as coisas santas aos cães nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer que as pisem aos pés, e, acometendo-vos, vos despedacem.
Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois, quem pede recebe; e quem procura encontra; e ao que bate abrir-se-á. Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Ora bem: Se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos Céus dará coisas boas àqueles que Lhas pedirem.
Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque esta é a Lei e os Profetas.
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!
Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Porventura podem-se colher uvas dos espinhos ou figos dos abrolhos? Toda a árvore boa dá bons frutos, e toda a árvore má dá maus frutos. A árvore boa não pode dar maus frutos, nem árvore má dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pelos frutos, pois, os conhecereis.
Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos Céus. Muitos Me dirão naquele dia: "Senhor, Senhor, não foi em Teu nome que profetizámos, em Teu nome que expulsámos os demónios e em Teu nome que fizemos muitos milagres. E, então, dir-lhes-ei: Nunca vos conheci; afastai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade".
Quem escuta as Minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Aquele, porém, que ouve as Minhas palavras e não as põe em prática, é semelhante ao néscio que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa, e ela desmoronou-se; e grande foi a sua ruína.»
Pai Benedito silenciou. Seus olhos eram como chispas de fogo.

Ouvia-se somente o som das águas sobre as pedras, e a voz baixinha dos Ibejis que cantarolavam:
- “Meu Pai Oxalá é o Rei! Venha me valer!...Velho Omulú Atoto Obaluaê!

Pai Benedito repetiu não sei como, o inesquecível sermão de Jesus, letra por letra...
Após algum tempo, necessário para que todos bebessem aquela linfa de luz, Pai Benedito, profundamente inspirado, voltou a vibrar sua voz:

- Recordemos, meus filhos, mais uma vez, através dos registros akásicos do éter cósmico, a vida de Jesus enquanto homem; Anjo em vaso de barro, que desprezou a mansarda celeste em favor do mundo que se debruçava nas trevas!
- Recordemos Jesus, Nosso Abençoado Oxalá, em Seus últimos momentos e na Sua crise existencial:
- O Filho do Homem deverá ser deixado sozinho.
Que nenhuma mão O levante,
Que nenhum ouvido ouça Seu gemido,
Que nenhuma inteligência interprete Sua dor,
Que nenhuma lágrima seja derramada em Seu favor,
Que nenhuma boca se abra em exclamação,
Que nenhum olhar Lhe dirija piedade alguma,
Que nenhuma compaixão Lhe favoreça,
Que nenhum Anjo se manifeste,
Que nenhum céu se abra para socorrê-lo,
Que nenhuma fonte sacie Sua sede,
Que nenhuma mãe chore por Ele,
Que nenhum amigo O console,
Que nenhum dos apóstolos O reconheça,
Que nenhum pensamento O alcance,
Que nenhuma luz O desperte,
Que a natureza toda se cale,
Que nenhuma prece interceda,
Que nem mesmo o silêncio se ouça...
Porque o Abismo foi aberto entre o céu e a terra, e desceu sobre Ele a noite escura da Alma!
Seu Pai Lhe observa em silêncio, e em silêncio O aguarda...
É o momento amaríssimo do Seu calvário, e Ele foi deixado só, sem nenhum consolo que
O reanime.
Na solidão Ele deve se fortalecer, para que se abra o caminho que se deve abrir.
E a dor O conduza aos pés da cruz...
E a cruz O conduza ao Seu Reino de Amor.
Está selado o Seu destino pela consumação dos fatos, e o futuro do mundo se abre.
Ele foi desprezado, renegado, preterido...Elegerão o ladrão...Sacrificarão a inocência.
Seu amor, Sua ternura, Seu carinho ninguém deseja em Jerusalém, que dorme a noite da ilusão
em leito incestuoso.
Pouco importa as lágrimas daquela Mãe, que chora o fruto do seu ventre incompreendido.
Roma quer sangue!
Ninguém duvida que Ele caminha para a morte certa.
E mesmo Ele se confunde entre o amor do Pai ao qual vai de encontro,
E o amor da Mãe desesperada que o vê partir...
Vão expulsar a Luz do Mundo, eis que as trevas se debruçam reclamando as almas aos seus porões!
Ele consegue ouvir os gemidos de Seu próprio coração à lhe vergastar, inerme.
Eis ai Jesus o Teu pão! – Riem-se os néscios, os biltres!
Que foi feito do Teu Reino? Chama Teu Pai ó Jesus!
Onde estão Teus Anjos? - Vocifera a malta de almas andrajosas!
Ele apenas observa em silêncio.
Insiste em Seu olhar amoroso, apesar das serpes do deboche e da ironia peçonhenta.
Grossas aljôfas, mescladas de suor e sangue, deslizam sobre sua face, que apesar do açoite, permanecem serenas, como as águas de um lago solitário.
Ele recorda a sua infância, mesmo em meio à alcatéia de lobos famélicos.
O Espírito das Trevas exulta! Vitória!
Ignora em sua soberba, que Deus usa de seus atributos infernais para despertar Seus filhos.
Que mesmo ele, chamado de “o Maldito” é o filho que despreza o Pai.
Exultante em seu delírio, estrepitosamente gargalha cavernoso, quando ouve a sentença.

Jesus é sedicioso!
Jesus é sedutor das massas!
Jesus não reconhece a autoridade de César!
Jesus é inimigo de Roma e inimigo da tradição judaica!
Jesus é arrogante!
Jesus é manipulador!
Jesus se outorga O Filho de Deus!
Jesus é blasfemo!
Jesus deve ser crucificado!
Enquanto ouvia Sua própria sentença proclamada à plenos pulmões por seus adversários, Jesus notava um sussurrante gracejo por parte de Caifás...
Permanecia calado, sereno, inamovível...
Seu pensamento se encontrava distante daquele ninho de víboras...
Recordava a infância distante, as manhãs ensolaradas da Galiléia de céu estupendamente azul...
O cheiro dos cedros e das oliveiras, das flores, e o chilrear das aves...
Recordava os folguedos do menino simples e pobre...
A família, a doce Maria, com seus olhos de céu, Mãe suave e terna, os irmãos...O berço...
A idéia que trazia do Reino de Seu Pai repercutia de maneira estranha no meio daqueles homens ignaros, versáteis nas artes da guerra, e também do cinismo e da corrupção.

“Como posso amar o meu inimigo e ainda oferecer a outra face?”

É louco este Jesus!

Pobre Mãe cujo filho viveu sua vida inteira ventilando asneiras às mentes insensatas! – assim pensavam os zelotes do templo de Salomão.
Um clamor de vozes se alteava cada vez mais, para cair como uma chusma de impropérios sobre o calado judeu chamado Jesus.
O corpo débil, manchado de sangue, se debruçava na esperança de que tudo se consumasse.
Teria como legado o abraço de Seu Pai Celestial? O consolo dos Anjos, a recordação de João o apóstolo amado, e as lágrimas delicadas de Maria?
Em sua dúvida, um lampejo de natural reação o tirou do marasmo para olhar, sob a pasta de sangue coagulado de seus olhos, a multidão à sua volta.
Onde estaria Maria sua Mãe? E seus irmãos? Os amigos do apostolado, e João o discípulo amado?
Onde estaria Magdala? Os corações amigos do seu sagrado coração?
Grossa pasta mesclada de suor e sangue empestavam seus olhos, dificultando a identificação daquelas almas amadas que ansiosamente buscava em meio a malta feroz.

Um suor abundante escorria sobre seu dorso semidesnudo, a debilidade dos membros, a vertigem e o estremecimento de sua compleição nervosa lhe estorvavam as reações.
O ar pesado e sufocante não lhe dava tréguas, e suas forças físicas se esvaiam como gotas rútilas de luz.

Seu espírito, que renunciava um mundo profanado pela maldade, ansiava ir de encontro a mansarda celeste de Seu reino de amor.
Muito se engana aquele que pensa que Jesus sentiu tristeza na situação do calvário, quando vitimado por seus algozes, subia o morro da caveira sob o açoite do chicote que lhe vergastava até a alma.
Nosso grande Oxalá sentia tristeza, não por comiseração de Si mesmo, nem tão pouco pela humilhação e desdém da súcia que O acompanhava sob forte alarido.

Tristeza por sentir que Seu amor, Seu carinho, Sua amizade e Sua ternura estavam sendo desprezadas.
Ele sabia perfeitamente que a época que veio, a humanidade não estaria preparada para assimilar em toda a sua profundidade as sublimes ilações de Seu evangelho redentor.
Mas semelhante ao jardineiro paciencioso haveria de lavrar a terra com a água santa da experiência luminar, a fim de que as preciosas sementes trazidas do mais Alto germinassem em tempo próximo.
Por isso, Sua tristeza se revestia de melancólica reflexão, por conhecer de perto as urdiduras tramadas maquiavelicamente pelos agentes das sombras, mancomunados com seus representantes na terra, através de Anás e seu genro Caifás, sacerdotes do templo, que se empenhavam numa campanha gigantesca contra o Cordeiro do Altíssimo.

(interregno: Uma canção suavemente empostada por argentina voz continuava a reverberar no éter, enquanto Pai Benedito desenvolvia aquela deliciosa alocução sobre o derradeiro momento da vida de Jesus. Era um ponto de Ogum, mais ou menos assim:

“Venceu demanda! Ele tocou clarim! Venceu demanda ao raiar o dia, salve Pai Ogum, salve a Virgem Maria! – Mas continuemos com a narração de Pai Benedito de Aruanda).

Aproximava-se a nona hora! Nuvens escuras, fustigadas por forte rajadas de ventos, se aproximavam pelo oriente.
O tempo mudava de forma repentina, engolindo o azul do céu em borbotões.
Coriscos rasgavam o espaço semelhante a espadas elétricas, enquanto estrondeava assustadoramente o som do trovão intimidando a plebe embasbacada!
A natureza, depois de um silêncio em que o próprio Anjo não ousava interferir, eclodiu ensurdecedoramente, como poderoso gigante liberto das correntes que o aprisionavam, para se precipitar sobre Jerusalém, arrastando tudo à sua frente.
Como espadas brandidas por mãos poderosas, raios magníficos cortavam o céu negro como o ébano, seguidos pelo trovejar infatigável.
A natureza dava a sua resposta, como se chorasse em favor daquela alma que abandonou o Paraíso Celeste para trazer á face escura do orbe Sua mensagem de Luz e de amor!
Um corisco genial desce do céu e vai até as entranhas da terra, escoltado por um funesto trovão!
Em resposta, abre-se aterra como a querer engolir a todos...um espasmo coletivo faz correr a multidão ensandecida, como se o mundo fosse acabar.
Estranha luminosidade em meio ao caos se torna visível aos olhos treinados, encimando a cruz, como a coroar de glórias o Filho de Deus.
Por um átimo de tempo, uma nesga de céu se deixa entrever no local do calvário, seres alados, como miríades de estrelas reluzentes envolvem carinhosamente o crucificado, que geme baixinho a sua dor solitária.
No alto da cruz, moribundo, Jesus percebe aqueles seres, reconhece-os e isso alivia seu coração.
Seu Poderoso Pai finalmente envia Seus Anjos para buscarem a oferenda sagrada que a humanidade desprezou.
Num último esforço, Ele olha a multidão, e destaca dela a figura mística de Sua Mãe, nimbada de luz a lhe dirigir um olhar inesquecível!
Vê Madalena ajoelhada, com o rosto contorcido de dor como a perguntar porquê?
Finalmente encontra a figura excelsa de João orando em silêncio, em lágrimas, abraçado a esperança de encontrar Seu Mestre na Grande Vida que Ele prometeu.
Próximo a João, estava Pedro Simão, com o olhar supliciante a pedir ao Mestre uma oportunidade de reconciliação e paz...
Então Ele dirige seus olhos aos céus e proclama a famosa prece:
“Pai! Está consumado! Na Tua luz confio o Meu espírito, por que o Filho Te glorificou na terra, assim como Tu Me glorificaste antes que houvesse terra!
Perdoai os pecados do mundo, o mundo mesmo não sabe o que faz.
Mas o Filho conhece O Pai e sabe o quanto O Pai os ama.
Assim como Eu Te amei em vida, ama-os como Eu os amei, e guarda em Meu coração aqueles que Me destes para que a semente não se perca na hostilidade do mundo.”

Os mais abalizados exegetas não compreenderam as palavras do Messias, quando proferiu em linguagem própria, no aramaico ocidental, as célebres palavras: ” Eli, Eli, lammá sabactáni?”
O Grande Mestre Jesus, profundo conhecedor das Leis de Deus e de Sua síntese, jamais perguntaria ao Pai porquê Lhe abandonou?

Jesus compreendia a vontade de Deus e sabia que Deus jamais abandona seus filhos.
O que Jesus quis dizer, hoje, na interpretação á luz do Espírito de Verdade podemos saber:

Ele disse: “Pai, Pai (Eli, Eli) como Tu Me Glorificaste!” (Lammá sabactáni).

(Interregno: Enquanto Pai Benedito falava, duas lágrimas desceram em seu rosto moreno, silenciosas como seu generoso coração. Pai Benedito é Entidade bastante conhecida em Aruanda. Robusto e venerando, um moço-velho que não traduz a imagem que temos de que “Pretos Velhos” são Entidades encarquilhadas, debruçadas sobre bengalas. Ali a minha frente sentava um Ser majestoso, de gestos elegantes e voz pausada. Quando nos olha, é enigmático, e quando seu olhar nos penetra, faz baixar as cabeças.
Não por medo ou constrangimento, mas por força magnética e poderosa que não temos como defrontar.
Seguiu-se um silêncio após estas palavras de Pai Benedito.

Pai Benedito dava baforadas em seu cachimbo de bambu, mirando o espaço estrelado e a lua que já ia alta no céu.

Os Ibejis cantarolavam em tom suave um ponto de raiz, muito conhecido na face da terra, pelos terreiros espalhados neste mundo de Deus; o ponto era mais ou menos assim:

“Preto Velho vem de Aruanda, Ele trás folhas de Guiné! – Pai Benedito tem mironga, patuá, folha de Guiné, trás sete velas e toalha encarnada, pra louvar à Jesus Nazaré! Sete velas e toalha encarnada, pra louvar a Jesus Nazaré!”

A Falange das Almas, conhecida também por “Linha das Almas”, os famosos Yorimás, envolviam Pai Benedito em prestigiosa corrente magnética de cores irisadas, semelhante a um arco-íris circular, cintilando fagulhas de um amarelo dourado, que se sobressaía na altura do chacra coronário e do cardíaco, abrangendo todo o grupo de Espíritos ali presentes.

Vovó Catarina, Pai Tibúrcio, Mãe Joana, Vovó Maria Redonda, Pai Antonio, Vovó Cabinda, Pai Tomás, Vovó Benta, Pai Cipriano, Pai Chico das Almas, Vovó Maria Conga, Pai João de Angola e várias outras Entidades luminares da nossa Umbanda, ergueram seus braços para se entrelaçarem num congraçamento maravilhoso.

Naquela clareira lá no reino de Aruanda, estrelas cintilavam em harmonia.
Eram Espíritos amorosos que nos precederam na grande jornada do amor ao próximo, e que, depois de muito conquistarem, decidiram compartilhar suas luzes com os irmãos que ainda permanecem na retaguarda, na infatigável e árdua missão de despertar as consciências para o Evangelho sublime de Jesus, nosso Oxalá!

Pai Benedito permanecia no centro daquele círculo de almas rutilantes, tendo por templo a clareira daquelas matas verdejantes, cujas paredes eram formadas por quatro magníficas cachoeiras a fazer um coro às vozes dos Ibejis.
Concentremo-nos novamente àquela cena transcendental, quando Pai Benedito faz soar novamente a sua voz augusta, repercutindo sobre toda a assistência como uma benção sonora.

Sim filhos meus, irmãos meus...
O menino Jesus sabia o que estava fazendo, e sabia não estar desamparado.
Para os olhos treinados, podia-se divisar no invisível, longe dos olhos profanos, a presença sublime de Gabriel, o Anjo Tutor, que Lhe acompanhou por toda a existência na Galileia.
Esotéricamente falando, a vida de Jesus, O Cristo de Deus, desde a anunciação até a ressurreição, foi para nós um exemplo vívido da experiência imprescindível à cada alma candidata ao discipulado.
Ledo engano daqueles que pensam ser a “iniciação” uma experiência para poucos privilegiados.
O Espírito, desde o berço original, já se torna um “discípulo” da Grande Vida que O Pai infinitamente esparja.
E nas teias indissolúveis do tempo e do destino vai se aprimorando, elegendo, por força das necessidades íntimas as suas experiências individuais, as quais jamais esquece, para enriquecer na trama das aspirações mais profundas de sua consciência o caminho sagrado do seu despertar cósmico!
A Anunciação, o Nascimento, o Batismo, a Transfiguração, a Solidão (a noite escura da alma) a Crucificação e a Ressurreição encenadas por Jesus de Nazaré são as pétalas místicas da sagrada flor do caminho Iniciático que todo o filho de Deus deverá trilhar um dia, para então exalar o inconfundível perfume de uma Alma Eleita.
Não aquela alma que se elege por conveniências mundanas, mas que se elege por força irrefutável de sua experiência nos diversos educandários do universo.
Em nosso planeta azul, onde tivemos o ensejo de viver e amar quando encarnados, aprendemos que diversos foram os Embaixadores do Alto, quando transitaram entre os homens ensinando, cada um a seu tempo, as lições inesquecíveis do livro da humanidade.
Porém O Sublime Peregrino encarnou o Verbo Vivo de Nosso Celeste Pai, como representante máximo de nosso planeta e de sua Hierarquia constituída.
Por isso dizemos que Jesus foi o Avatar de Síntese, e continua sendo através dos evos a Grande Síntese do Amor, por que Ele mesmo, consciente de Sua sagrada missão proferiu de Seus lábios a máxima que todos nós conhecemos em nosso abecedário universalmente cósmico:
“EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA, E NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM!”
As almas desavisadas, aos que não se dão ao trabalho da meditação, da reflexão superior, estas palavras de Jesus parecem soar presunçosas, senão arrogantes.
Pois parece que Jesus se outorga o único caminho para se chegar ao Pai.
Novamente se enganam aqueles que presunçosamente se acham os donos da verdade.
O amor jamais se ufana! Não se ensoberbece! Não é arrogante!
Recordemos: “Jesus é o Amor, é síntese” Ele não pode se contradizer!
Quando O inimitável Mestre assim se dirigiu, não quis ter a pretensão de afirmar que Ele, Jesus Homem, era o único caminho para a salvação da humanidade.
Prestem atenção, filhos meus, irmãos meus, por que vocês todos são Chefes falangeiros e deverão recordar, junto as vossas falanges que transitam no orbe terrestre, os esclarecimentos que me faço portador, para que os homens entendam de uma vez por todas as palavras inelutáveis do Salvador...

Quando o Mestre Jesus afirmou, inspirado pelo Cristo Cósmico, as célebres palavras “Eu Sou O Caminho, a Verdade e a Vida, e Ninguém Vai ao Pai Senão Por Mim” Ele quis dizer que o Amor, que é os estado de consciência transcendental de Cristo, é o único caminho para se chegar ao Pai! Vejam bem minhas crianças, Ele fala do AMOR, e Deus em Sua sapiência criou o Espírito de tal maneira, que ele só pode ser feliz fazendo o bem; só pode chegar a Ele através do Amor, não há outro caminho, felizmente!

Os olhos de Pai Benedito neste momento de sua prelecção, se transfiguraram em dois poderosos faróis de uma luz misteriosa, obrigando a todos os presentes baixarem as cabeças, impossível era encarar Pai Benedito naquele instante.
Sua vibrante voz ecoou novamente lá nas matas da Jurema, desaparecia diante de todos a figura augusta do Preto Velho para dar lugar a um foco de irradiação magnificente, com os braços abertos, abençoou a todos desaparecendo de nossas vistas tomando a direção do espaço, semelhante a um aerólito de pura luz.

Todos os presentes deram as mãos, tendo o cuidado de chamarem os Ibejis para dentro do círculo mágico, e tendo sido proferida enternecedora oração pelo Espírito de Vovó Benta, encerraram a assembléia.

Ouvia-se que iniciavam lá na terra mais uma gira de caridade, as vozes na corrente cantavam em tom harmonioso e firme...
”Refletiu a Luz Divina, com todo o seu esplendor, lá do Reino de Oxalá, a onde há paz e amor!
Luz que refletiu na terra, luz que refletiu no mar, luz que vem lá de Aruanda, para tudo iluminar!
A Umbanda é paz, é amor! É um mundo cheio de luz! É força que nos dá vida, e a grandeza nos conduz! Avante filhos de fé! Como a nossa Lei não há! Levando ao mundo inteiro, a bandeira de Oxalá!...


Página mediúnica de Gandharananda Shanti.
Pelo Espírito Pai João.
PAZ E lUZ À TODOS
Gandhara.

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Comentário de Solange em 17 julho 2009 às 16:54

Louvados sejam os Pretos Velhos!
Obrigada.

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Co-criando A NOVA TERRA

«Que os Santos Seres, cujos discípulos aspiramos ser, nos mostrem a luz que
buscamos e nos dêem a poderosa ajuda
de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
um AMOR que transcende a toda compreensão e que mora nos corações
daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
Que o AMOR e a bênção dos Santos Seres
se difunda nos mundos.
PAZ e AMOR a todos os Seres»

A lente que olha para um mundo material vê uma realidade, enquanto a lente que olha através do coração vê uma cena totalmente diferente, ainda que elas estejam olhando para o mesmo mundo. A lente que vocês escolherem determinará como experienciarão a sua realidade.

Oração ao Criador

“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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