Anjo de Luz

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AMA, E FAZE O QUE
QUISERES.


(ou também “Amor são obras, não palavras”)


Autor: Ephraim F. Alves


Foi-te imposto de uma vez para sempre
este breve preceito:
Ama, e faze o que quiseres.
Se te calares, cala por amor;
se falares, fala por amor;
se corrigires, corrige por amor;
se perdoares, perdoa por amor.
Haja em ti a raiz do amor,
pois dessa raiz
nada pode proceder
que não seja o bem.


Santo Agostinho, o Doutor da Graça


Convite


Quero convidar você, amável leitora, prezado leitor da Revista de Espiritualidade Grande Sinal, a compartilhar comigo as reflexões que me ocorreram após a leitura da Encíclica sobre o amor cristão Deus caritas est (“Deus é Amor”), de Bento XVI. Espero, de todo o coração, que esta partilha seja tão proveitosa e edificante para vocês como foram estas reflexões, para mim, ao preparar o artigo,
estudando e aprofundando novos aspectos do tema abordado magistralmente pelo Papa: o amor cristão (agapè na terminologia do Novo Testamento).

Quero, desde o início, recordar a você o que dizia Santo Agostinho, o Doutor da Graça, sobre a condição primeira e necessária para se possa compreender uma coisa, qualquer coisa:
Da
amantem et intelliget (“dê-me uma pessoa apaixonada, e ela compreenderá”).

Com essas palavras, o Doutor da Graça queria dizer que
o amor é a condição primeira, indispensável e imprescindível, necessária e fundamental, para você compreender seja lá o que for:

Compreender-se a si mesma, compreender-se a si mesmo, compreender os outros, compreender o mundo que nos cerca. Compreender, inclusive, o próprio amor...
Só quem ama consegue compreender as coisas,
compreender o mundo, compreender o próximo. Quem não ama não compreende, não pode compreender o mundo, nem a si nem as outras
pessoas. Só quem ama compreenderá o próximo. E insisto:

Só quem ama
pode compreender o que é o próprio amor, o verdadeiro amor. E esta regra se aplica de modo todo particular às relações interpessoais: quando você quiser conhecer outra pessoa, deve primeiro amá-la.

Mas,
não se esqueça nunca: você terá de trazer o amor (agapè) dentro de você, no mais fundo de seu ser. Não simplesmente qualquer “amor” – “amor-desejo”, “amor-paixão”, “amor-fogo-de-palha”,
“amor-possessividade”, “amor-egocentrismo”, “amor-chama-e-mortal” que só é “infinito enquanto dure”, mas aquele amor que brota de uma fonte eterna e inesgotável: o próprio Deus, o Deus-Amor que Jesus nos revelou (cf. Jo 3,16-21; 1Jo 4,16; Rm 5,8; Gl 2,20).

Por quê?

Porque,
sem amor, não pode haver no relacionamento humano empatia, sintonia,

comunhão profunda, compreensão viva de pessoa a pessoa, de coração a coração.


Mas, atenção! No movimento amoroso, na dinâmica do amor – nesta forma de relação toda particular, em que você tem de amar para saber o que é o amor, tem de amar para compreender e compreender para amar – estamos nos movendo em um círculo virtuoso, não vicioso!
Sendo assim, volto a insistir:

Você terá que amar para compreender; deverá compreender para amar:


amando compreenderá e, ao compreender, certamente há de amar!


Escrevo estas reflexões inspirando-me não só em Deus é amor – supondo, aliás, que os leitores de Grande Sinal já estejam bem familiarizados com o conteúdo da Encíclica de Bento XVI –, mas
também levando em conta o que ensinam dois admiráveis Doutores da Igreja, Agostinho de Hipona (354-430 dC) e Teresa d’Ávila (1515-1582).

Em primeiro lugar, demorei-me a refletir sobre um princípio de
Agostinho de Hipona, que me deu o título do artigo:

“Ama, e faze o que
quiseres”, pois da raiz do amor só poderá provir o que é bom. Em segundo lugar, ouvi atentamente o que diz Teresa d’Ávila, reformadora do Carmelo e Doutora da Igreja: “Amor são obras, não palavras!” – sentença em que você pode ouvir um eco de 1Jo 3,18:

“Meus filhinhos,
não amemos com palavras nem de boca, mas com obras e verdade”.

O percurso desta nossa reflexão compartilhada vai se estender por três etapas:

1) O léxico do amor: na primeira etapa vou recordar algumas palavras que tentam dizer o amor, tentam balbuciar o mistério do amor;

2) A síntese da Revelação judeu-cristã: nesta etapa procuro mostrar como se pode resumir em três palavras a Revelação que nos vem através dos profetas e dos apóstolos;

3) Qual o melhor dos caminhos: nesta parte, faço uma paráfrase do caminho traçado pelo Apóstolo Paulo para o discípulo ou discípula de Cristo chegar à perfeita amorização (cf. 1Cor 13: o “hino
ao amor-agapè).

Convido então a amável leitora, o atento leitor, a me acompanhar neste discurso sobre o amor, tema sublime e nobre, desejando que seu coração, durante a caminhada, fique tão abrasado de amor como o daqueles dois discípulos que, no primeiro dia da semana, caminhavam com Jesus Ressuscitado pela estrada de Emaús (cf. Lc 24,13-35).

Boa leitura, atenciosa reflexão, santa caminhada!

1) O léxico do amo

A linguagem humana – quando quer dizer ou cantar o “amor” – dispõe de uma pluralidade de palavras que, no entanto, não conseguem exprimir devidamente, muito menos esgotar, toda a riqueza desta pequena palavra, pequena, mas de imenso significado. Basta lembrar, em uma analogia com os perfumes, que os mais preciosos e finos perfumes se guardam em vasos pequeninos...

Apresento, a seguir, e comento brevemente algumas das palavras que a sabedoria antiga nos legou para discorrer sobre o amor ou celebrá-lo:

- porneia: este é um termo grego para exprimir o “amor antropófago”, o “amor” do bebê pela mãe, o “amor” guloso do bebê que suga o peito da mãe como se quisesse, literalmente, devorá-la (quanto a esta singular explicação para o “amor antropófago”, encontrei-a na obra de Jean-Yves Leloup, Amar... apesar de tudo.
Editora Verus, Campinas 2000, p. 46-47);

- storgè: este é o termo para exprimir o amor entre os membros de uma família (dos pais para com os filhos e dos filhos pelos pais, e dos irmãos entre si);

- philia: aqui se trata do amor amizade; aqui você já está pisando no terreno de uma nova modalidade de amor, de um amor que surge no âmbito extra-familiar. Os amigos se encontram no círculo extrafamiliar: na escola, no trabalho, na comunidade religiosa... Philia é o amor de amizade, fruto de uma opção pessoal. Nesta modalidade de amor, predomina a benevolência, o idem velle et idem nolle (“querer e não querer a mesma coisa”). Na verdadeira amizade – como diz Aristóteles (384-322 aC) – palpita “uma só alma que habita em dois corpos”;

- eros: outra modalidade de amor, cantada em prosa e verso. Este é o típico amor que se dá entre homem e mulher, amor feito de carência e de desejo, amor passional, amor no qual se encontra uma dimensão magnética, no qual atua uma força avassaladora (“o amor é forte, forte como a morte”: cf. Ct 8,6). Aqui entra em jogo, na relação amorosa entre o homem e a mulher, uma fortíssima atração
mútua, que leva a um encontro inflamado de desejo, encontro que geralmente culmina em uma explosão sensual, quando os corpos se fundem e formam “uma só carne” (cf. Gn 2,24). Como tem por objetivo a perpetuação da espécie, além de exprimir uma aliança de duas liberdades que se entregam uma à outra, esta modalidade amorosa é extremamente violenta, arrebatadora, difícil de se controlar;

- agapè: esta é a suprema modalidade de expressão amorosa, à qual eu daria o nome de “amor agápico” ou mesmo “amor-agapè”. A palavra agapè (paroxítona em grego, e em português
proparoxítona, tendo agora o sentido de “refeição fraternal”, “banquete de confraternização entre amigos ou colegas”: cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, verbete: “ágape”) é o termo para “amor” usado preferencialmente pelos autores do Novo Testamento. Agapè quer designar o amor em sua manifestação divino-humana e em sua expressão humano-divina, o amor cantado em termos sublimes pelo Apóstolo Paulo na I Carta aos Coríntios. Este é também o amor que a I Carta de João
explana com viva eloqüência e vai culminar com a maravilhosa revelação:

DEUS É AMOR
(cf. 1Jo 4,16). Agapè, que era um termo grego
pouco usual na literatura profana, foi utilizado pelos autores neotestamentários para destacar mais claramente a novidade do amor
cristão. Na forma verbal (agapáoo: amar) aparece 143 vezes nos textos do Novo Testamento; como substantivo (ágape: amor, caridade, benevolência) ocorre 116 vezes e, na forma de particípio (agapetós: querido, caríssimo, amado), aparece 61 vezes.

No terceiro e último ponto deste artigo, vou parafrasear as palavras do Apóstolo Paulo, quando, depois de apresentar os diversos carismas (dons) do Espírito (milagres, cura, beneficência, administração, diversidade de línguas, apostolado, profecia, interpretação: cf. 1Cor 12), mostra aos fiéis de Corinto “um caminho melhor” (Bíblia VOZES), ou “um caminho incomparavelmente superior” (Tradução da CNBB), ou também “um caminho que ultrapassa a todos” (Bíblia de Jerusalém), ou “um caminho muito melhor” (Bíblia do Peregrino), e ainda “um caminho infinitamente superior” (Bíblia -
Tradução Ecumênica) – traduções multifacetadas que tentam dizer no vernáculo o grego hyperbolèn hodòn hymin deíknumi. Este caminho – do amor agápico – é obrigatório para quem deseja seguir fielmente o Senhor Jesus, que é nosso “caminho, verdade e vida”. Agapè – nas palavras de Paulo – é o carisma dos carismas, a síntese da Lei, o único de todos os carismas que permanecerá por toda a eternidade. Os outros, a fé (pístis) e a esperança (elpís), por mais nobres que pareçam, passarão para todo o sempre!

2) A síntese da Revelação

Neste tópico apresento, na fórmula mais breve que se poderia imaginar (assim creio eu, salvo melhor juízo), a síntese da Revelação judeu-cristã, a saber:

DEUS É AMOR.

Esta fórmula condensa em
três pequenas palavras – mas de inesgotável riqueza teológica, dois momentos culminantes da Revelação. No primeiro momento, ocorre a revelação do Nome do Senhor a Moisés, no episódio da sarça ardente:

“EU SOU AQUELE QUE SOU”)(Ex 3,14).

No segundo momento, é-nos revelada a
verdade sobre a essência deste Deus que falou a Moisés na sarça ardente e promulgou sua Lei, diante do apavorado povo hebreu, à luz dos relâmpagos e ao som dos trovões, com tremor de terra e montanha fumegando (cf. Ex 19,16 e 20,18), mas nos revela o seu rosto paterno-materno em seu Filho, Jesus Cristo (cf. 1Jo 4,16: “DEUS É AMOR”).

a) O primeiro grande momento da Revelação: DEUS É.

A
fórmula hebraica “ehieh asher ehieh”, que encontramos no episódio da sarça ardente, pode ser vertida como:

EU SOU AQUELE QUE SOU,
EU SOU
AQUELE QUE ERA,
EU SOU AQUELE QUE FUI,
EU SOU AQUELE QUE SEREI,
EU
SEREI AQUELE QUE SEREI,
EU SOU AQUELE QUE ESTOU CONTIGO,
EU SOU AQUELE
QUE ESTAREI CONTIGO,
EU SOU.


Um rabino da Idade Média, Rashi
(1040-1105), comentou assim esta fórmula:

“Eu serei com eles [o povo
maltratado pelo Faraó] nesta aflição o que serei com eles quando
estiverem subjugados a outros reinos” (cf. Bíblia - Tradução Ecumênica, Loyola, São Paulo 1994, p. 103, e Palavra, Parábola, por Rômulo Cândido de Souza. Santuário, Aparecida 1990, p. 105).

“Ehieh
asher ehie” – esta fórmula misteriosa, que vem desafiando até hoje os maiores teólogos e os mais profundos metafísicos – encontrará um eco no livro do Apocalipse, onde o Senhor se apresenta dizendo:

“Eu sou o
Alfa e o Ômega, AQUELE QUE É, QUE ERA E QUE VEM” (cf. Ap 1,8).

Aproveito então esta oportunidade para lembrar à leitora ou ao leitor, que me vem pacientemente acompanhando até aqui, esta regra do discurso teológico:

Quando você quiser referir-se ao Senhor Deus, o melhor
verbo a seu dispor

é o verbo SER.

O melhor ou, talvez, o menos
inadequado para indicar o Ser Divino: ELE É.

Pois Ele mesmo disse a
Moisés: “EU SOU”.

Quanto ao verbo “existir” (palavra composta de ex,
partícula que exprime um movimento de dentro para fora, + sistere, verbo com as conotações de ficar, estar), lembro-lhe que ele serve melhor para se discorrer sobre a criatura humana. Esta vem do nada ao ser, ao chamado do Criador do céu e da terra; toma um dia consciência do existir,que é uma graça divina; passa fugazmente pelo tempo e volta enfim ao nada de onde provém... enquanto espera – nas palavras do Apóstolo “a glória que há de ser revelada em nós” quando toda a criação for definitivamente redimida (cf. Rm 8,18-30).

b) O segundo grande momento da Revelação divina: DEUS É AMOR (1Jo 4,16: ho theòs agapè estín). Esta maravilhosa verdade – ponto alto de toda a Revelação - nos é transmitida pelo “discípulo
amado”, aquele que ouviu, que viu com os próprios olhos, que contemplou e apalpou com suas mãos o Verbo da Vida, a Palavra que se fez carne e armou sua tenda entre nós (cf. 1Jo 1,1 e Jo 1,14). O mesmo João que declara: “ninguém jamais viu a Deus” (Jo 1,18), também nos transmite esta palavra do Mestre a Filipe: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Assim como os discípulos podiam “ver o Pai” ao contemplar o Filho de Deus, assim também você pode contemplar Jesus quando ama o próximo. Seria o caso de lembrar, a esta altura, as palavras de Cristo a Saulo, o duro perseguidor dos primeiros cristãos: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Em sentido contrário, então, posso dizer: “Ama o teu próximo, e amarás a Cristo” (o próximo é membro do Corpo místico de Cristo!). Ama a Cristo, e verás o Pai! E não se poderia afirmar: se você ama de verdade o próximo, não amará também a Deus? Creio que sim, pois o próprio Apóstolo nos deixou uma pista neste sentido, ao dizer:

“Quem ama o próximo, cumpriu a Lei”
(cf. Rm 13,8), porque o amor é o
cumprimento da Lei. E cumprir a Lei... que seria? Fazer a vontade do Pai que está nos céus.
E fazer a vontade do Pai... não é amar o Pai?


Por quê – pergunto eu agora, para encerrar o segundo ponto da reflexão que estou compartilhando com você – por quê, volto a insistir, seria tão importante conhecer esta síntese da Revelação?
Por um motivo muito simples: se eu creio, do fundo do meu ser, que Deus é Amor; se creio, do fundo do coração, que sou imagem e semelhança do Deus-Amor que me criou e se revela a mim em Cristo Jesus, do qual recebo o Espírito de filho adotivo, e por isso exclamo “Abbá, Pai!” (cf. Rm 8,15), vou tirar as conseqüências práticas dessa verdade fundamental.

Tenho a santa obrigação de refletir esse Amor.

Serei
imagem viva desse Deus-Amor, do Amor criador.

Farei o melhor que
puder, para me assemelhar sempre mais a esse Divino Amor.

Farei o
melhor que puder, para ser espelho vivo do Amor que me criou, me remiu

e
santifica e me conserva no ser.

À luz dessa verdade, consciente
daquilo que sou no mais fundo do meu ser criado

– eu também sou amor –
abraçarei e viverei estes preceitos fundamentais:

“Sede santos,
porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo” (Lv 19,2);

“Sede perfeitos
como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48) ou, na formulação lucana:

“Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso”
(Lc 6,36).


Jamais, em vista do que recordei agora – você é amor –, jamais, torno a insistir com você, diga que não pode aceitar esse desafio, que não se acha à altura destes preceitos divinos, que o obrigam a santificar-se e trabalhar sem descanso no aperfeiçoamento pessoal.

Jamais, por favor! Ouça ainda o que diz a esse respeito um
Padre da Igreja:

“Reconhece, ó cristã, reconhece, ó cristão, a tua
dignidade!

Age, então, de acordo com esta dignidade!”
Noblesse oblige!



3) Qual é o melhor dos caminhos?


O amor é a síntese de todas as virtudes, tanto as teologais (inclui a fé = pístis, e a esperança – elpís), como as cardeais (prudência e fortaleza, justiça e temperança) e as humanas (paciência, tolerância, benevolência, prestimosidade, modéstia, senso de justiça, amor à verdade). Aliás, em sua dupla vertente, no duplo alvo que mira – Deus e o próximo – o amor sintetiza a Lei e os Profetas
(cf. Mt 22,34-40).

Exponho, a seguir, minha paráfrase do hino ao amor do Apóstolo dos Gentios (cf. 1Cor 13). Paulo enumera quinze passos (ou põe quinze placas de sinalização na estrada) para você percorrer com
firmeza o caminho da amorização cristã. Lembro, logo de início, que em grego todas as “quinze placas” trazem um verbo, não um substantivo, o que mostra que amar é antes de tudo agir,
“Amor são obras, não
palavras!”, como dirá Teresa d’Ávila:

1. o amor é paciente (original: makrothymei): quem ama tem uma grande (makros) alma (thymos). Dilate o coração, dilate os espaços de sua alma, pois:
“Tudo vale a pena, quando a alma não é
pequena” (F. Pessoa);


2. O amor é benigno (benevolente) (grego: chresteuetai): não apenas quer o bem do próximo, mas é também clemente e prestativo, serviçal e útil ao próximo:

3. o amor não é invejoso (grego: ou dzeloi): não inveja como Caim que matou o próprio irmão, movido pela inveja;

4. não vive se exibindo (grego: ou perpereuetai): não se jacta, não faz o bem para se ostentar, para dar na vista dos outros;

5. não se incha de orgulho (ou physioutai): quem ama deixa de lado o sentimento de superioridade quanto ao próximo, não inflaciona o próprio “ego”;

6. nada faz de inconveniente (grego: ouk asxemonei): nada faz de que tenha de se envergonhar e, por outro lado, nada que faça o irmão ou a irmã fraquejar na fé (aqui, me parece, haver no grego uma raiz que dá shame no inglês e Scham no alemão);

7. não busca o próprio interesse (grego: ou dzetei ta
heautès): não segue a regra básica do capitalismo que só visa o lucro; não obedece à mal chamada “lei de Gerson”, que só quer levar vantagem em tudo;

8. não se deixa arrebatar pela cólera (grego: ou parocsynetai): haja o que houver, o verdadeiro amor não se irrita, não irrompe em explosões de ira;

9. não leva em conta o mal sofrido (grego: ou logidzetai to kakon): quem ama de verdade, perdoa e esquece as ofensas, porque o amor-agapè cobre a multidão de pecados, sepulta os pecados no fundo do mar. Aqui, posso lembrar uma frase de pára-choque de caminhão:
“Perdoar é humano, esquecer é divino”;


10. não se alegra com a injustiça (grego: ou chairei epi te adikia): não compactua com a injustiça que reina em tantos setores da sociedade humana; indigna-se com a injustiça humana e tem fome e sede da justiça do Reino (cf. Mt 5,6);

11. regozija-se, porém, na verdade (grego: sygchairei de epi te aletheia): verdade, aqui, equivale a justiça. Quem ama de verdade é justo, busca a justiça, exerce a justiça;

12. tudo desculpa (grego: panta stegei): o amor não
culpabiliza o próximo; tudo perdoa; agüenta as fraquezas e os defeitos do próximo;

13. o amor tudo crê (grego: panta pisteuei): como
explica Kierkegaard, o amor tudo crê, mas jamais é iludido, jamais é enganado;
14. o amor tudo espera (grego: panta elpidzei): o amor tudo espera, mas jamais é frustrado, jamais decepcionado (Kierkegaard);
15. tudo suporta com firmeza (grego: panta hypomenei): por quê? Por este motivo:
“quem tiver um ‘porquê’ para
viver, será capaz de suportar qualquer ‘como’ (Nietzsche).
Para quem
ama de verdade vale aqui também o lógion do Senhor:
“meu jugo é suave,
meu peso é leve” (cf. Mt 11,30).

Agapè jamais cessará

Tendo parafraseado brevemente as quinze “placas de sinalização”, postas pelo Apóstolo para marcar o caminho da amorização, despeço-me da leitora e do leitor que tiveram a paciência de me seguir até aqui.

Como o amor é eterno (“o amor jamais cessará”: 1Cor 13,8),
saiba que o percurso do amor jamais termina. Começou aqui na terra e permanecerá por toda a eternidade.

No “fim do dia”, ao encerrar a
jornada pela terra, cada um passará pelo “exame final”. O tema será o AMOR, o amor descrito em 1Cor 13, o amor que tem seu protótipo em Jesus que “me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20).
“Ao cair da tarde, diz João da Cruz, seremos examinados no amor”.

Então, mãos à
obra!

Aprenda a amar, cresça no amor dia a dia, ame de verdade, com atos
e obras e não só com palavras (cf. 1Jo 3,18).

Tudo resumido:

“Ame a Deus acima de tudo e com todas
as forças e trate sempre o próximo com

a mesma atenção, com o mesmo
cuidado e o mesmo carinho que você gostaria de

receber dos outros!”.


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http://www.franciscanos.org.br/itf/revistas/grandesinal/06_4_1.php
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Co-criando A NOVA TERRA

«Que os Santos Seres, cujos discípulos aspiramos ser, nos mostrem a luz que
buscamos e nos dêem a poderosa ajuda
de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
um AMOR que transcende a toda compreensão e que mora nos corações
daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
Que o AMOR e a bênção dos Santos Seres
se difunda nos mundos.
PAZ e AMOR a todos os Seres»

A lente que olha para um mundo material vê uma realidade, enquanto a lente que olha através do coração vê uma cena totalmente diferente, ainda que elas estejam olhando para o mesmo mundo. A lente que vocês escolherem determinará como experienciarão a sua realidade.

Oração ao Criador

“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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