Amar o infinito enquanto ele dura...

[Mônica Melo Tavares]

O sentimento que me impele a ter razão sempre está aqui a me afligir porque me causa uma espécie de medo desvairado. 

A razão é uma conquista que não se mede pela força, mas sim pela essência. E se há razão na essência, há por consequência, a essência da razão.

Os tamborins tocam apenas para esquentar os tambores que são os sons mais enfurecidos e estarrecedores, mas são também o ponto de encontro do equilíbrio que todos deveriam, por aplicação exata da razão obterem a sua verdadeira visão de sentido.

Um mundo de ilusões sem sentido por uma descrença alimentada por sentimentos fortuitos que se desdobram e muitas vezes nos tornam escravos.

Você jamais (em sã consciência) se assumiria escravo de sentimentos e do próprio desejo de ver o novo acontecer para você apenas, como se o Criador tivesse que se curvar diante de ti e não o inverso.

Somos seres dotados de excesso de vaidade e por isso nos colocamos como se estivéssemos acima dos outros no conhecimento, na visão, na razão e na sensibilidade, mas pecadores, e porque não ignorantes, já que desconhecemos além do maior aquilo que está debaixo dos nossos pés.

Embora tudo dependa de uma ação humana, vincula-se, em especial, a cada um que domina os seus sentidos que fazem parte de seu corpo que é uma obra divina da gratuidade de Deus, que o fez tão perfeito, enquanto muitos padecem de uma série de doenças espirituais e corporais.

Se valêssemos de nossas mazelas para construir os nossos castelos, decerto, estes estriam fadados à destruição, embora sentida, tão aclamada.

Cada vez que nos comprometemos com o nosso passado na esperança de que tenha ele um vinculação extra com o presente, cavamos uma sepultura tão grande, incapaz de nos permitir ver a luz, pela profundidade.

Aqui é o momento de nos prendermos àquilo que esta vida nos permitiu ter e ver.

Amar a vida como ela é não é uma dádiva, mas é um segredo, de garantia de uma existência milenar com perspectivas.

Se a ti fosse dado o direito de conhecer aquilo que outrora povoou a sua vida passada, não conseguiria viver esta, que se apresenta como uma oportunidade de evoluir um pouco mais até que consiga celebrar a vida em plenitude junto àquele que se propõe a perdoar os seus pecados e a esquecê-los, sem cobranças e sem desmerecê-lo pelos erros infinitamente cometidos e incertos na visão de construção de um futuro luminoso.

Assim, não há o que dizer quando falamos que uns, em detrimento de outros, possam usufruir de uma vida melhor ou pior, em busca da plenitude, a garantia de viver algo melhor ou pior dependerá da sua capacidade de empreender o mundo sob as diversas óticas em que se apresenta.

Ninguém passa pela nossa vida em vão, cada um traz de si algo que ainda não acabou e leva um pouco daquilo que permanece, assim, somam-se as experiências e transforma-se os sonhos em realidade potencial.

Para que isso se torne um desafio diante da proposta de conquistar um mundo de ideais e não de ideias infrutíferas, mas vale alimentar o coração de desejos bons e de esperanças que traduzam a realidade, sem se tornar uma espécie de descontentamento abortando criminosamente a paz interior que habita o coração daquele que teme a Deus.

Do que já passou, sem ao menos deixar vestígios, guardemos apenas a certeza de que tudo não começou por aqui, algo antes de nós chegarmos até aqui nos foi concedido, garantindo a nossa reconstrução diária na pretensão de sermos eternos diamantes, mas lapidados com o suor que lhe é peculiar, e com o brilho que lhe torna joia.

Deste modo, não nos preocupemos em encontrar explicações do mundo que está, mas sim, de que você está neste mundo e deve garantir a todos que o cercam a sua virilidade perante o papel que não lhe será furtado, de assumir o coração como obra prima da criação para enchê-lo de movimentos de liberdade e não de massificações frustrantes. A vida já lhe reserva as suas frustrações naturais. Não teime em amontoar outras mais, é uma doença se auto martirizar. Aprenda a amar o infinito, mesmo que seja enquanto ele dure..