SINTONIA FINA

[Luiz Soares da Silva]

Luiz Soares das Terras Nordestinas.

A vida é muito interessante. Pensando bem sempre estivemos a procurar, imitar, possuir, ser dono, proprietário de posses que nos tornasse diferentes, vitoriosos, invejados e cortejados. Alguns mais bem sucedidos, outros, mesmo sem aparentar tais patrimônios continuam a sonhar para que isto um dia possa acontecer.

Não saberia formar um raciocínio para aqueles que possuem do dom da escrita, da composição e da arte. Porém, posso admitir que, se tais virtudes forem usadas no sentido de engrandecer a vida, tudo bem; mas, se isto vier a ser posto em prática com o sentido da pujança material, tenho as minhas dúvidas. Mas, pensando bem todos os grandes pintores, compositores e escritores levaram uma vida simples, sem a preocupação da pomposidade.

Somos seres materializados. Possuímos um corpo segundo a nossa genialidade. As aparências variam de uma forma maravilhosa. Como na natureza das plantas, considerando a sua imensa variabilidade conjuntural, elas podem ser consideradas diferentes. Lógico! Mas, pasmem, cada uma pode apresentar na sua composição, princípios que servem, ajudam, curam, torna belo o ambiente mesmo inóspito onde cada uma delas se encontre.

Comparativamente, passo a imaginar que a verdadeira vida nada mais o é, senão uma grande missão. O conteúdo, a essência dessa missão está guardada dentro de cada um de nós. É um tesouro muito pessoal e intransferível, sobre todos os aspectos, aparência, dom, que venhamos a ser possuidores. Poderia imaginar como sendo uma partitura, com todos os acordes das notas musicais. Poderia imaginar como sendo uma aquarela multicolorida. Poderia imaginar como sendo um tratado para com a vida eterna.

Com certeza perdemos a sintonia maior, trivial, simplista, objetiva, sincera, única que nos manteriam ligados; e, com isto sermos ajudados a cumprirmos fielmente todos estes compromissos. O distanciamento dessa sintonia nos levou para caminhos cheios de comportamentos escusos. Perdemos com isto a nossa identidade divina. Nos tornarmos reféns de valores que em nada nos ajudam a executar com perfeição, a tarefa definida e jurada defender, por muitos de nós, ao longo da jornada.

Se nos afastamos dos nossos compromissos, passamos a inventar ideais, sonhos, desejos, que nos diferenciem apenas dos nossos semelhantes. Também perdemos a capacidade, dentro deste mundo limitado, de cultuar ou buscar enxergar-nos e aos nos cercam, com as suas virtudes intangíveis. Os valores ou parâmetros que passamos admitir são tangíveis e carregados com uma forte pitada de inveja.

Parece que aquela máxima ainda é bem verdadeira: Venha nós e nada ao vosso reino. Falamos que amamos, mas esquecemos de olhar, abraçar, sorrir, incentivar, dar as mãos a todos os nossos semelhantes. Nos tornamos apressados, indiferentes afirmando que tal comportamento diz respeito a cumprir com os nossos compromissos, com as nossas verdades, com os nossos desafios puramente materializados.

Daí, a grande pergunta: Correr para que? O melhor seria buscar arrancar de dentro de cada um de nós a capacidade de nos afinarmos, nos sintonizarmos com aqueles acordes que nos permitiram aqui estar. Diria que o regresso não está, neste momento, nas condições do nosso retorno. Diria sim, que precisamos buscar numa sintonia fina, uma oportunidade que nos lembre de que prometemos ser e agir. Ainda temos tempo. Graças a um simples e oportuno ditado, que, por sinal gosto imensamente de repetir: Nós não temos conhecimento do nosso prazo de validade.

Por último devemos reconhecer que: no caminho da volta ninguém se perde. Para tanto basta pedir aos nossos anjos que nos auxiliem, nos ajudem, nos mostre a frequência onde poderemos sim, encontrar a nossa verdadeira sintonia.